Depois de um início de safra marcado por efeitos da falta de chuva, a produção agropecuária do Rio Grande do Sul não só saiu do radar de risco, apontado em janeiro em boletim de conjuntura, como também se tornou promessa positiva para a economia em 2021. É o que aponta o Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, que divulgou nesta quarta-feira (17) os resultados do PIB em 2020. A quebra em razão da estiagem no ano passado obrou um preço alto: o setor teve recuo de 29,6%, o pior resultado em oito anos e o segundo pior da série histórica . Em meio ao cenário de pandemia, ampliou o tombo no Estado, que foi de 7%, desempenho inferior ao do Brasil.
— Os efeitos (da falta de chuva) ficaram mais restritos aos primeiros meses (da atual safra), impactando arroz e milho principalmente. Mas a soja deve ter um crescimento bastante positivo a ponto de recuperar a de 2020. Além de afastado o risco, o setor tornou-se um benefício, algo positivo para 2021. Se servirá de colchão ou potencializará a economia, depende muito da pandemia — ponderou o pesquisador do Departamento de Economia e Estatística Martinho Lazzari.
A perspectiva de que esse será um ano melhor para o setor está embasada principalmente na recuperação esperada para a colheita de soja, que tende a crescer 80%, segundo dados do IBGE, ajudando a devolver o vigor perdido em 2020.
— Se a agropecuária foi decisiva para o resultado ruim em 2020, o contrário será verdadeiro em 2021. Deveremos crescer em dois dígitos, quem sabe maiores do os que caímos. O PIB de 2021 do Rio Grande do Sul tende a ser melhor do que o do Brasil por conta do desempenho do setor — corrobora Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
O recuo na agropecuária em 2020 foi o segundo pior da série histórica. É levemente inferior ao da seca de 2012, quando a queda chegou a 32,4%, mas superior à de 2005, quando caiu 21%. Considerando, no entanto, o crescimento de produção e produtividade que separa esses ciclos, além da valorização das commodities, a perda financeira em razão da estiagem é considerada a maior.
— Os preços quase compensaram a queda de produção, mas quando se compara com outros Estados, em função dessa perda de volume, o dado do Ministério da Agricultura de faturamento indica que se deixou de faturar de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões na agropecuária. E é uma indicação importante do impacto indireto que essa queda teve sobre outras atividades — observa Lazzari.