Com o resultado do PIB nacional do terceiro trimestre divulgado, o desenho da trajetória da economia ao longo do ano vai ficando mais definido. Por ora, se assemelha ao gráfico no formato da letra V, que indica o segundo trimestre como o fundo do poço. E, o terceiro, como o momento em que se começa a tirar o pé do atoleiro. O que não deve evitar a queda consolidada no ano marcado pela crise trazida pela pandemia.
O crescimento da agropecuária deverá ser a exceção à regra. No acumulado do ano, é o único com expansão, de 2,4%, enquanto indústria e serviços acumulam retração de mais de 5%. Aliás, o avanço ocorre em todas as comparações — com igual trimestre de 2019 e nos últimos quatro trimestres.
— A agropecuária é a única que está crescendo no ano, muito puxada pela soja, que é a nossa maior lavoura — disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Apenas ante o segundo trimestre aponta leve queda, de 0,5%. Consequência, segundo o IBGE, de um ajuste de sazonalidade, feito para evitar distorções de comparação, em razão do grande peso da safra nos meses de abril, maio e junho.
Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, diz que a tendência é de que, na atualização dos dados do terceiro trimestre, provavelmente fique positiva. Na projeção feita para o ano, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estimou em 9% o crescimento do setor.
Assim como no país, no Rio Grande do Sul, os resultados da agropecuária terão um peso importante para a economia. Só que em sentido oposto ao do país. Se no Brasil a agropecuária será a exceção à regra pelo desempenho positivo, no Estado, as perdas da produção em razão da última estiagem devem ampliar o tombo.
— Pandemia e estiagem se somam — observa Luz.
Os dados do RS devem ser divulgados até o dia 15 deste mês. No segundo trimestre, enquanto a agropecuária do país crescia 2,5% (conforme dado revisado do IBGE), no Estado, teve recuo de 39,4%,segundo levantamento do Departamento de Economia e estatística.