É com base em dois ingredientes que se alimentam as apostas de que o Rio Grande do Sul chegue, neste ano, a uma nova marca na produção de soja, com mais de 20 milhões de toneladas. A Emater apresenta nesta quinta-feira (25) a estimativa final da safra de verão, com números mais próximos do retrato atual e que devem reforçar essa perspectiva de volume histórico.
No primeiro levantamento do ciclo, apresentado em setembro do ano passado, a instituição trabalhava com a perspectiva de 18,95 milhões de toneladas. No final do ano, em seu balanço, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) deu um passinho à frente, ao estimar uma colheita de 19,85 milhões de toneladas, a partir de dados do IBGE. Daquele início de ciclo para este momento, a distância entre as condições de tempo é enorme, o que traz essa diferença também em relação ao resultado.
No mês passado, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já revisava para cima suas estatísticas, apontando aquele que pode ser o maior volume colhido de soja do Estado. A conta que leva a esse resultado tem como fatores área e rendimento por hectare.
— É alicerçada em cima de produtividade. Não acredito que produtor não faça média de 55 sacas por hectare — pontua Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecogro).
Rendimento possível depois de uma virada do clima. A falta de chuva do início, que atrasou todo o ciclo da soja e trouxe perdas consolidadas ao milho, deu lugar a um mês de janeiro de chuva acima da média. Foi a dose necessária para que se retomasse o otimismo, depois da quebra que reduziu em mais de 40% a produção em 2020.
E é da nova fronteira do grão, a Metade Sul, que vem outro fator positivo. Tradicionalmente uma região mais seca, o que lhe impõe resultados diferentes do norte, neste ciclo tem contado com o tempo a seu favor.
— Estamos no início da colheita, mas a perspectiva é boa. A expectativa é de 50 sacas para cima — pondera José Roberto Pires Weber, presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito, município da Campanha que tem cerca de 120 mil hectares de soja.
Enquanto as máquinas seguem o trabalho no campo, ninguém dá o resultado por garantido. No campo, a palavra supersafra não é usada. No máximo um “boa safra” — até porque sempre podem haver prejuízos pontuais. Mas cada chuva que cai agora reidrata a chance do produtor gaúcho de ter volume e bom preço combinados no mesmo ano.