Diante da valorização crescente do milho – que alcançou ontem a marca de R$ 93 a saca, no indicador Esalq/BM&FBOVESPA –, a redução de produção aparece como a alternativa possível para diminuir os custos na indústria de frango do Rio Grande do Sul.
— Tem de tirar o pé do alojamento, não há outra solução. Precisa se programar em face do que tem de oferta — observa Índio Brasil dos Santos, sócio-diretor da Solo Corretora.
Com apenas um ciclo, o de verão, Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm uma situação ainda mais complicada porque tiveram a já insuficiente produção reduzida. O cenário só deve ficar diferente com a entrada da segunda safra de milho, cultivada em outras regiões, e que está atrasada.
— Isso alongou um pouco mais a entressafra. A safrinha deve começar a aparecer só final de julho, agosto. O pouco milho que tem, precisa durar até lá — observa Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado.
Neste momento, reforça, não houve redução de consumo de milho por parte da indústria, com a demanda ainda "muito forte". Com estoques ajustados, aumento no custo de frete por conta da gasolina e retração no consumo de carne de frango no mercado interno, Santos entende que o desafio será dar conta do período em que a nova safra já estaria entrando:
— Entre o que tem em casa e que tem comprado por carregar, a indústria tem milho até o final de maio. O grande calcanhar de aquiles é como cobrir junho, julho e agosto, no mínimo.
No Estado, a média da saca está hoje entre R$ 84 e R$ 86. O setor de proteína animal aguarda retorno de solicitações feitas ao governo federal, como a isenção da taxa de importação do grão dos Estados Unidos para amenizar a pressão dos gastos.