A semana começa com a expectativa por medidas que ajudem a equacionar os custos em alta do milho, um dos insumos que têm pesado nas contas da indústria de proteína animal. Os números apontam a existência de estoques no país, mas o setor argumenta que a baixa disponibilidade do grão no mercado acaba inflando os valores. É por isso que vem sugerindo ao governo federal ações que aumentem a oferta.
Empresas de aves do Rio Grande do Sul já começaram a reduzir a produção, como apontou a coluna. Outras medidas sinalizadas e que podem se concretizar ao longo dos próximos dias são férias coletivas ou suspensão temporária das atividades pela ociosidade da capacidade.
Outro ponto de atenção vem da safrinha de milho. Que de diminutivo só tem mesmo o nome. Há tempo que o volume do grão colhido nessa etapa é maior do que na primeira. Para 2020/2021, a projeção é de 80,07 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento. O plantio atrasou e motivou o pedido de ampliação, em 10 dias, da janela estabelecida no Zoneamento Agrícola de Risco Agroclimático (Zarc) no Mato Grosso e no Paraná.
A solicitação foi encaminhada ao Ministério da Agricultura pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na sexta-feira e busca garantir o acesso dos agricultores à subvenção do seguro rural e ao Proagro em caso de problemas climáticos. A ferramenta fica fora de alcance quando a semeadura é feita fora do prazo oficial. Segundo a entidade, apenas 20% da área estimada havia sido plantada na semana em que se encerravam os prazos. Esse delay ocorreu em virtude do atraso no cultivo da soja da 1ª safra e pelo excesso de chuva em fevereiro, que atrapalhou os trabalhos do milho 2ª safra.
O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, ressaltou a extrema importância da safrinha no abastecimento interno de milho. Dados da Conab indicam estoque final em 2020/2021 de 9,93 milhões de toneladas, o menor desde 2015/2016.
Ao mesmo tempo, a previsão é de que consumo interno deve subir em torno de 5%.
Habitualmente com déficit, o Rio Grande do Sul tem uma equação mais complexa: vem de duas quebras de safra. Para atender a indústria de aves e suínos, terá de trazer de fora 3 milhões de toneladas.