Com crescimento no país, a área com cobertura de seguro rural teve uma expansão ainda maior no Rio Grande do Sul. O Estado, que vivenciou na safra passada uma estiagem e que se vê novamente às voltas com prejuízos decorrentes de fatores climáticos, quase triplicou o espaço protegido pelo benefício. Conforme o Ministério da Agricultura, em 2019, foram 905 mil hectares, enquanto neste ano, 2,6 milhões de hectares, um recorde para o Estado. O valor segurado também subiu: foi de R$ 3,4 bilhões para 9,2 bilhões, em igual comparação.
Mais da metade das 41,75 mil apólices (54,2%) foram contratadas para proteger a cultura da soja, o maior percentual e produto que, no verão passado, teve redução de 45,8% em relação à expectativa inicial por falta de chuva.
Vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Elmar Konrad entende que os efeitos da estiagem mobilizaram, sim, o agricultor a buscar mais esse recurso. Diz que os impactos econômicos teriam sido “muito maiores” não fossem as lavouras com cobertura. Mas vê o aumento como o resultado desse e de outros fatores:
– O principal foi a ampliação do valor para a subvenção, que dobrou em relação ao ano passado. Porque o Rio Grande do Sul é sempre o último a contratar no país, pelo período da safra. Então, quando faltam recursos para a subvenção, faltam para o Estado.
Diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pedro Loyola também vê explicação para o avanço no montante liberado na forma de subsídio, R$ 880,9 milhões, bem como no uso mais eficiente desse dinheiro.
– Foi a conjunção de demanda reprimida, com boa gestão e companhias de seguro que foram a campo, porque não é fácil dobrar a área de um ano para o outro – diz Loyola, em referência à ampliação do número de seguradoras que atendem o programa.
No Brasil, a cobertura soma 13,7 milhões de hectares, praticamente o dobro na comparação com 2019 e 20% da área total cultivada no país.
No caso dos gaúchos, o dirigente da Farsul aponta a previsão de La Niña na atual safra como outro fator que impulsionou as contratações. Reconhecendo que houve uma evolução importante, lembra que ainda há muito espaço para crescer. Cita EUA e Europa, com até 90% da espaço produtivo com a proteção.