Não é só do chamado “boi China” que se alimenta o mercado do país asiático. A busca por carne bovina premium, certificada e mais valorizada também põe a mesa dos chineses. Prova disso são os resultados das exportações de cortes com o selo Carne Angus. O volume negociado até novembro, 531,53 mil toneladas, é recorde, batendo todo o ano de 2017, até então o melhor resultado da história do programa. A quantidade embarcada nos 11 meses é mais de 90% superior à de igual período de 2019.
— Isso mostra que o Brasil está conseguindo se posicionar lá fora como um exportador de carne de alta qualidade. Isso é algo inovador para o país — observa Ana Doralina Menezes, gerente do Programa Carne Angus Certificada.
E o que a China tem a ver com isso? Uma fatia significativa: do total vendido exportado 43,7% da carne com selo angus tiveram o país asiático como destino. Para a gerente, isso sinaliza que, em 2020, esse mercado foi além da quantidade, procurando produtos para os nichos que têm. Além do Brasil, Estados Unidos, Austrália e Argentina têm abastecido essa demanda por produto de alta qualidade. Cortes especiais, do lombo e do traseiro, são os que costumam ser enviados.
Para Ana Doralina, mesmo que possa haver ajustes em volume, os chineses se manterão como parceiros importantes, continuando a levar a proteína bovina produzida no Brasil.
E, se fora de casa o resultado é positivo, dentro dela, também. Depois do efeito negativo inicial da pandemia, que fechou as portas de muitos restaurantes, houve uma substituição. Ficando mais em casa e cozinhando mais, as pessoas foram buscar o produto que procuravam em butiques, açougues e casas de carne. O resultado foi um incremento nas vendas de itens de alta qualidade estimado entre 30% e 40%.
O trabalho do produtores no campo permitiu ainda aumento do percentual de certificação entre os animais da raça que chegam nos frigoríficos, além de um melhor aproveitamento de carcaça.