Dados preliminares divulgados pelo IBGE dos abates no país no terceiro trimestre mostram sentidos opostos entre as proteínas. Na carne bovina, há um recuo de 10,8% em relação a igual período do ano passado. Cenário que reflete questões sazonais e pontuais.
Tradicionalmente, o Centro-Oeste tem nesse período a entressafra da produção, o que significa redução de oferta do gado de corte. Neste ano, o tempo seco estendeu essa janela até agora, explica Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da UFRGS.
A restrição de matéria-prima e a demanda aquecida por novos lotes, principalmente para atender o mercado externo, fez a régua de preços continuar subindo. Segundo indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)/Esalq, a arroba, em São Paulo, alcançou R$ 292 na quarta-feira, renovando as máximas da série histórica iniciada em 1994.
– Houve um prolongamento da entressafra associado ao fato de que no centro-oeste do país estão grandes frigoríficos, que exportam. Isso fez com que busquem gado de tudo o que é lado, e o preço subiu – acrescenta Barcellos.
Movimento que colocou o Rio Grande do Sul na rota de compras. Como mostrou a coluna no início da semana, a indústria do Centro-Oeste e do Sudeste buscou no Estado tanto carne quanto terneiros e boi magro, para serem engordados e abatidos nessas regiões.
Como efeito, o Estado, que está em pleno período de safra, tem registrado aumento do valor do boi gordo, ainda que em velocidade menor do que nas outras partes do país. Com a média do quilo vivo cotada em R$ 8,44, segundo o Nespro, há perspectiva de que possa chegar na casa dos R$ 11, R$ 12.