Em uma feira como a Expointer, que tem na pecuária a sua origem, nada mais pertinente do que olhar para o presente e também projetar o futuro da atividade. Apesar da pandemia, o mercado continua aquecido para o produto brasileiro. Isso não só mantém a valorização, mas também faz investimentos de criadores serem retomados. Os resultados nos leilões da primavera espelham essa realidade, com médias maiores e alta procura por fêmeas.
E a digitalização, que se transformou em ferramenta imprescindível para os negócios, é uma das 10 megatendências do setor para os próximos 20 anos, mapeadas em estudo do Centro de Inteligência da Carne Bovina da Embrapa Gado de Corte que envolveu mais de 150 especialistas. O objetivo era traçar cenários para subsidiar agendas públicas e privadas.
Os dados serão apresentados na Expointer Digital (no canal 2), quinta e sexta-feira, dentro da programação da XV Jornada Nespro/UFRGS.
– De forma geral, a aposta é que teremos uma pecuária mais competitiva, tecnificada e alinhada com grandes demandas mundiais em termos de bem-estar animal e rastreabilidade – sintetiza Guilherme Malafaia, pesquisador do centro e um dos palestrantes do evento.
Da mesma forma como o mundo virtual levou a exposição de Esteio e os remates de primavera até as pessoas, Malafaia entende que o recurso ampliará a aproximação entre o consumidor nas cidades e o pecuarista na fazenda, permitindo conhecer a propriedade e a forma de produção. Aliás, a exigência vinda do comprador terá impactos sobre a atividade, como mostram as perspectivas do futuro (veja ao lado). – A rastreabilidade, do campo à mesa, será exigida cada vez mais e valorizada pelo consumidor, gerando valor. E o bem-estar animal, também – diz o pesquisador.
Referência no cenário mundial, o Brasil ganhará ainda mais pontos e se tornará megaexportador de carne e de genética, reconhecida e premiada em competições de raça como as da Expointer.
"RECEITA" PARA 2040
Os resultados do estudo da Embrapa Gado de Corte foram sintetizados em 10 megatendências, que serão abordadas na Expointer. Além de digitalização, rastreabilidade, bem-estar animal e Brasil como megaexportador, veja as demais perspectivas para o setor até 2040.
- Itensificação da pecuária: será necessário ampliar a produtividade, com a tecnologia servindo para que isso seja feito em menos área. Liberando, assim espaço para agricultura e cultivo de florestas (as integrações lavoura-pecuária-floresta)
- Grandes players: cerca de 50% dos pecuaristas deixarão a atividade. Êxodo rural, maior atratividade da agricultura e não acompanhamento da evolução são causas apontadas
- Carne com origem: ecuaristas também trabalharão com o conceito, a exemplo de itens como vinhos, cachaças, queijos, entre outros
- Biotecnologia: disruptiva como a digitalização, transformará todo o setor
- Bioinsumos: devem ganhar mais espaço em relação a medicamentos tradicionais
- Proteína vegetal: mercado que já soma 30 milhões de pessoas no Brasil é tendência para o futuro e, como tal, não deve ser desprezado, diz o pesquisador Guilherme Malafaia, do Centro de Inteligência da Carne Bovina