O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Com a organização já iniciada, a temporada de leilões da primavera no Rio Grande do Sul será diferente em 2020. Responsáveis por mobilizar milhares de pessoas no Interior a cada ano, os eventos serão realizados totalmente de maneira virtual. A transmissão dos remates por televisão e internet se tornou uma alternativa para os pecuaristas manterem as vendas de reprodutores em meio à pandemia de coronavírus.
A realização de remates virtuais de touros e fêmeas já vinha avançando nos últimos anos, mas a pandemia fez com que a modalidade ganhasse uma proporção jamais vista anteriormente. O presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindler-RS), Enio Dias dos Santos, enfatiza que a alternativa veio para ficar. O menor custo para organização do certame e a possibilidade de alcançar um número maior de compradores são fatores que devem seguir estimulando os remates virtuais.
– Estamos nos reinventando e ainda aprendendo com essa situação. As ferramentas digitais viabilizaram bons leilões no outono e a primavera promete ir pelo mesmo caminho – diz Santos.
Neste ano, a temporada de leilões de reprodutores deve começar mais cedo, ainda no início de setembro, e se estenderá até outubro. No momento, as cabanhas já estão articulando a organização dos eventos virtuais e providenciando a filmagem dos animais que serão negociados.
Um dos remates mais concorridos da temporada, o da GAP Genética, vai ser conduzido virtualmente pela primeira vez em seis décadas. O leilão, que costumava ocorrer na sede da Estância São Pedro, em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, está sendo adaptado para o formato virtual. Em duas datas, devem ser negociados 550 touros, 150 ventres e 40 cavalos.
– Existe o lado ruim, que é quebrarmos uma tradição de mais de 60 anos de contato físico com nosso público. Mas, neste momento, as pessoas estão ficando mais tempo em casa e acabam acompanhando as programações virtuais – constata João Paulo Schneider, diretor comercial da GAP Genética.
Schneider destaca que a valorização no preço do boi gordo deve impulsionar as vendas neste ano.