Com os preços da produção como referência na hora da compra, as vendas de propriedades rurais no Estado e em outras áreas do país se alinham à valorização de grãos verificadas neste ano, deixando o mercado aquecido e em alta.
– O momento está “vendedor”. Uma propriedade que há seis meses era cara por R$ 18 mil hoje está boa de preços por R$ 23 mil, R$ 24 mil – observa Nilo Ouriques, dono de corretora especializada no segmento rural.
É uma diferença de quase 30%. Outros fenômenos apontados por Ouriques são o aumento da quantidade de pagamentos à vista e a presença de investidores buscando terras para fazer arrendamento. A procura é, maciçamente por áreas para cultivo de soja – 90% estima o corretor –, mas o bom patamar das cotações de arroz também fez com que fosse retomado o interesse de imóveis para a produção do cereal.
A realidade varia conforme a região do Estado. O Norte, tradicional espaço da produção de grãos, segue tendo o valor por hectare mais valorizado do que no Sul. Mas, por ainda ter áreas agricultáveis disponíveis, nessa metade estão sendo registrados preços até 20% superiores.
– No norte, como patrimônio, a propriedade se valorizou. Mas em grãos, não – observa Ouriques.
Em alguns casos, o número de sacas de soja necessárias para o pagamento até reduziu, mas com a cotação do grão, em reais, em alta sem trégua, isso não significa que tenha ficado mais barata.
– O agricultor indexa muitas coisas de acordo com o valor do seu produto. Pela soja, se for a soja, pelo gado, se for o gado – observa Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado.
Ouriques vislumbra que uma transição do mercado para a indexação das propriedades, como já ocorre hoje em locais como Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso.