É sem grandes preocupações que líderes de entidades do agronegócio do Estado avaliam a troca de comando na presidência dos Estados Unidos, com a chegada do democrata Joe Biden em substituição ao republicano Donald Trump. Parte da explicação vem da confiança na força da produção do Brasil e na posição consolidada pelo setor no cenário global. Na pandemia, conquistou ainda mais espaço – inclusive em posições americanas.
– O grande futuro do agro brasileiro está na lei da oferta e da procura. E a China cada vez precisa mais – pontua Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e diretor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O pais asiático, hoje principal destino de itens agropecuários brasileiros, engatou na gestão de Trump uma batalha comercial de proporções globais e que trouxe oportunidades temporárias. Ainda que haja mudança de estilo, o setor não vê a chegada de Biden como sinônimo de fim da disputa.
– Acho que a guerra com a China tende a não dar trégua – diz Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS).
Brasil e EUA seguirão sendo concorrentes diretos e, ao mesmo tempo, parceiros, o que exigirá canal aberto, apesar da preferência declarada do governo brasileiro por Trump.
– É importante que o Brasil mantenha uma relação estratégica com o governo dos EUA – observa Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS).
O presidente da Farsul acrescenta que é preciso ter visão mais pragmática, com os dois países sendo complementares, o que é favorecido pelo calendário diferente das safras.
O ponto mais sensível da troca deverá ser a mira de Biden em questões ambientais.
– Estamos tranquilos com todos os requisitos ambientais – assegura Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS.