Com etapas da competição sendo disputadas no parque Assis Brasil , em Esteio, desde o início do mês, o circuito do Freio de Ouro, principal competição da raça de cavalos crioulos, foi alvo de polêmica. Credenciadora realizada em Rolante gerou controvérsias em meio ao período de restrições trazidas pela pandemia. Nesta terça-feira (30), a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, organizadora da prova, decidiu suspender as seletivas por 15 dias. A medida, afirma o presidente da entidade, Francisco Fleck, foi tomada em acordo com o Estado, em razão de Esteio estar com bandeira vermelha — ainda que o município tenha dado autorização para a realização da seletiva e que sejam aplicadas normas de prevenção e controle.
A coluna conversou com o médico Ricardo Kroef, diretor técnico da Santa Casa de Misericórdia, responsável pelo protocolo estabelecido para os eventos da raça. Confira trechos da entrevista.
Como foi feito o protocolo de medidas de prevenção das seletivas do Freio de Ouro?
É extremamente rígido, como é atividade em local público. São vários gestores responsáveis. O protocolo foi arquitetado pela médica infectologista Teresa Sukiennik, chefe do Serviço e da Comissão de Controle de Infecção da Santa Casa de Misericórdia. Em um grau de exigência, está até acima do que seria necessário para locais abertos. Fizemos o mais rígido possível.
Quais as medidas previstas?
Começa sem público. É feito um pré-cadastro na associação (Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, organizadora da prova). A pessoa tem de mandar a relação de quem estará no local. A permissão é para um proprietário, um ginete, um tratador e um veterinário. Alguns ginetes levam oito, 10 animais para cada prova, então o número desses profissionais às vezes é menor do que o de cavalos. Temos um público bem restrito. Há um pré-controle de quem vai acessar. No local, é feita diariamente uma triagem com questionário e, ao mesmo tempo, medição de temperatura. Depois são passadas orientações sanitárias. Existe uma equipe de orientadores que fica cuidando do comportamento das pessoas. E oferecendo álcool gel e EPI de reposição, caso os participantes percam. Na parte que ficam animais não se recomenda álcool gel, então existem torneiras para a higienização das mãos. Na prova de mangueira, única em ambiente fechado, não se permite que entre com chimarrão, porque tem de baixar a máscara para tomar. E há presença limitada de proprietários, fazem o rodízio de acordo com o box do animal. Restringimos a 24 pessoas em espaço que cabem até 1,2 mil. O ginete usa máscara, mesmo que a pista tenha a extensão de 110 metros por 60 metros.
Por que houve essa polêmica, esse questionamento em Rolante?
No parque, é feito outro evento, o Rolantchê. Acho que confundiram com o rodeio. Era uma credenciadora do Freio (que leva para a classificatória), com 37 animais, o que é raro para essa seletiva. Fizemos teste em 50% das pessoas que estavam lá. Isso é muito importante. Só não testamos 100% porque a prova terminou antes. Nenhuma deu positivo, o que dá uma ideia da eficiência do protocolo.
As atividades no futebol as atividades seguem paradas...
Dentro do estádio, poderia se organizar sistema de vigilância que as pessoas tivessem distanciamento possível. O futebol tem uma característica diferente, que é a concentração de pessoas depois do evento, e isso não se conseguiria controlar. Fora do estádio é que a questão. Nesse sentido acho que as autoridades pensam no todo. A gente conseguir fazer dentro de rígidos limites de segurança. Em um parque como aquele, que recebe 80 mil pessoas por dia, isolou-se a área. O distanciamento começa no acampamento. De noite, os orientadores ficam circulando nas áreas de acampamento para evitar a aglomeração de pessoas. Orientam e lembram a importância das medidas. Tem que ser eficiente, metódico para que se transmita segurança.
E seria possível fazer uma Expointer no parque?
Com 80 mil pessoas por dia é impossível, tem de ver na época como vai estar a situação da curva. Provavelmente deve ser com visita pré-agendada. Também criar distanciamento. Tem a parte externa, ambulante. Não adianta controlar dentro e fora não ter controle. Hoje com número de casos que temos não se sabe se é pico descendente.