O debate sobre a retirada da vacina contra a febre aftosa no Rio Grande do Sul se estende há cerca de 20 anos. Desde o episódio de Joia, quando os gaúchos ensaiaram dar esse passo e foram frustrados por novos focos da doença, se discute como — e se vale a pena — chegar lá.
Neste ano, o assunto deixou o plano de ideias e passou a ser encarado como possibilidade. Técnicos do Ministério da Agricultura estiveram fazendo vistoria no Estado ao longo da semana. E, a partir do que viram, vão elaborar relatório para indicar se há ou não condições de buscar o fim da imunização. Mas o tema ainda não é ponto pacífico.
A confiança dos técnicos contrasta com as dúvidas e temores de pecuaristas, como mostra reportagem de Naira Hofmeister. Apesar de os benefícios se aplicarem a todo o setor produtivo animal, o ônus da decisão — e de eventual reincidência da doença — fica com os pecuaristas de corte.
É por isso que, embora esteja dando passos no sentido de avançar, o Estado ainda não seja taxativo quanto à decisão da retirada. Quer o aval técnico.
E há um ponto de preocupação dos produtores importante. A falta de recursos nos cofres públicos, que traz o receio de que não se tenha forças para garantir o controle necessário e para enfrentar eventuais adversidades. Tudo isso precisa ser milimetricamente considerado.
A certeza é de que o panorama atual é diferente e exige que o RS dê um passo. Se mantiver a imunização do rebanho bovino e bubalino, precisará reorganizar sua estratégia de negócios. Tanto dentro de casa quanto fora. Com o Paraná se somando a Santa Catarina e ficando sem vacinação, há implicações para os gaúchos no trânsito de animais e na venda de genética do gado de corte.
Se decidir retirar a vacina, precisará se resguardar da melhor forma possível para garantir que essa seja de fato uma conquista e não uma dor de cabeça. Nesse caso há implicações em mudar, mas também em deixar do jeito que está.