A notícia de que o Ministério da Agricultura fará na primeira quinzena de setembro auditoria que pode levar à retirada da vacina contra febre aftosa no Rio Grande do Sul é alvissareira. Significa um passo adiante e, ao mesmo tempo, não é garantia de nada.
É um avanço à medida que reafirma o desejo do governo estadual de caminhar na direção da evolução do status sanitário — hoje, o RS é livre da doença com vacinação. Não garante nada, porque é uma avaliação que poderá levar ao aval do ministério, mas ainda não é a “autorização” para o fim da imunização.
Na prática, funciona como uma prova de fogo, em que diferentes aspectos serão analisados e pontuados, conforme regras da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). Se for “aprovado”, o Estado terá respaldo para tomar a decisão. A partir desse ponto, a definição passa a ser tão somente política.
Se de fato estiver dentro das condições esperadas para quem busca a alteração de status e deixar de vacinar em 2020, o RS poderá buscar já em 2021 o reconhecimento de livre sem vacinação na OIE.
O desejo de avançar sempre existiu. Mas a definição de um plano nacional para a retirada por parte do Ministério da Agricultura e a posição do Paraná, que decidiu se antecipar aos prazos federais, acabaram sendo um empurrão para que o Estado partisse para a ação. Os paranaenses deixarão de vacinar já neste ano.
Mas e por que se discute tanto esse assunto? Porque a vacinação segue sendo uma barreira imposta para a entrada da carne brasileira em mercados considerados premium, com remuneração diferenciada, hoje só acessados por Santa Catarina, livre da doença sem vacinação.
Auditoria marcada, e agora?
- Mesmo que a auditoria do Ministério da Agricultura avalie que o Estado tem condições de deixar de vacinar, a segunda etapa da campanha de 2019 será realizada. Ocorre em novembro e tem como foco bovinos e bubalinos de até 24 meses de idade.
- Se parar de vacinar em 2020, um ano depois poderá solicitar à OIE a evolução de status sanitário para livre da doença sem vacinação, condição hoje que somente Santa Catarina tem no Brasil.
- Ao fazer isso, o Rio Grande do Sul estaria se antecipando ao cronograma estabelecido pelo ministério.
- O último foco da doença no Estado foi em 2001. De lá para cá, o rebanho vem sendo vacinado.
- A imunização é feita no plantel bovino e bubalino do Estado, mas se torna barreira para a comercialização de todo o tipo de proteína animal.