O Rio Grande do Sul deu um passinho à frente ao solicitar que o Ministério da Agricultura faça, no primeiro trimestre do ano que vem, auditoria com finalidade de avaliar se o Estado teria condições para deixar de imunizar o rebanho contra a febre aftosa. Na prática, é o início do processo de quem busca progredir de status sanitário, de livre com vacina para livre sem vacinação.
Embora a decisão não tenha sido tomada de forma isolada, o tema está longe de ser consenso, sobretudo entre os criadores de gado de corte. A Associação Brasileira de Angus (ABA), que na sexta-feira elegeu nova diretora para o biênio 2019/2020, mantém a posição de contrariedade à retirada da imunização, como havia manifestado no final de 2017.
— Hoje, somos contra. Amanhã, a associação poderá mudar de opinião. Embora essa seja uma posição de governo, quem sofre as consequências somos nós — afirmou o atual presidente da entidade, José Roberto Pires Weber.
Ele listou uma série de motivos que embasam essa posição.
Um deles é o fato de que, em eventual necessidade de rifle sanitário (abate em razão do registro de focos da doença), não se faz diferenciação entre os animais na hora do pagamento da indenização. Ou seja, o pecuarista que investiu recursos para desenvolver exemplares de qualidade, com genética diferenciada, recebe o mesmo valor do que um criador que trabalha com gado geral.
Outro ponto questionado é o do tamanho do risco em relação ao mercado que poderá ser obtido caso o RS fique sem vacinação.
— Até entendemos que a pressão é pela retirada. Mas fazer isso em um momento inoportuno pode significar uma regressão de muito anos — acrescentou Nivaldo Dzyekanski, criador de Santa Catarina, hoje único Estado do Brasil livre da doença sem imunização, que assumirá a ABA em janeiro.
Ambos reconhecem, no entanto, que se o Paraná concretizar a ação de deixar de vacinar — o que está previsto para o segundo semestre do ano que vem — , os gaúchos ficam sem opção. Se não aderir, o Estado ficará isolado geograficamente.