O ano de 2019 será de tomada de decisão para o Rio Grande do Sul. O Estado precisará optar: ou continua imunizando o rebanho contra a febre aftosa, ou busca evolução do status sanitário. Há fatores externos pressionando esse movimento. Como o anúncio do Paraná de que, a partir do segundo semestre, não realizará mais a campanha de vacinação. O objetivo é solicitar o status de livre da doença sem imunização, condição que só os catarinenses têm.
— O Paraná já é líder na produção de frango, está tendo crescimento grande em suíno e tem produção de grão suficiente para atender sua demanda. Estrategicamente, terá vantagem competitiva muito forte se retirar a vacina — pondera Rogério Kerber, presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal.
Eventual mudança dos paranaenses deixaria os gaúchos em situação inusitada: isolados geograficamente pela vacina. Isso traria consequências às indústrias de proteína animal. A começar pela circulação. Toda passagem por esses Estados teria de ser feita pelos corredores sanitários, com regras especiais. Têm hora para entrar e para sair, e trajeto definido. De um jeito ou de outro, o RS precisará se posicionar.
A direção indica que os gaúchos devem buscar a evolução do status sanitário. Na quinta-feira (6), o vice-governador José Paulo Cairoli esteve em Brasília. Acompanhado de entidades do agronegócio e de integrantes da Secretaria da Agricultura do RS, encaminhou solicitação para que seja feita auditoria “dirigida à avaliação das condições do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa no Estado, tendo como objetivo a decisão quanto à capacidade de progredir rumo à condição de livre de febre aftosa sem vacinação”.
Maggi rubricou o pedido e sinalizou com possibilidade da inspeção sair no primeiro trimestre do próximo ano. Há que se considerar, no entanto, que no meio desse caminho haverá mudança de governo – caberá ao governador eleito Eduardo Leite (PSDB) dar seguimento (ou não) à iniciativa.
Da mesma forma, é preciso assegurar que o Estado tem, sim, condições de alçar voos maiores.
– A pergunta é: temos condições? – questionou Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado, ao ser perguntado sobre como avalia a retirada da vacina.