Nos milhares de quilômetros rodados por esse Rio Grande, por vezes fora dele também, temos o privilégio de conhecer centenas de propriedades rurais. Em todas elas, somos recebidos pelos protagonistas das nossas reportagens — que alimentam o nosso Campo e Lavoura com suas histórias. E não importa o tamanho da fazenda, a atividade ou a região do país, a simplicidade da acolhida é a mesma. A agricultura brasileira transformou-se nas últimas décadas, com a revolução da ciência e da tecnologia, mas o produtor manteve sua genuína essência.
Desde quando o Dia do Agricultor foi instituído, em 28 de julho de 1960 pelo então presidente Juscelino Kubitschek, para comemorar os cem anos da criação do Ministério da Agricultura, o Brasil passou por uma revolução no campo. De lá para cá, as safras brasileiras multiplicaram-se em lavouras de soja, milho, trigo, arroz, algodão e em tantas outras culturas agrícolas. Novas fronteiras foram abertas em regiões onde o agronegócio mudou a dinâmica econômica.
Entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou. Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Hoje, se produz mais em cada hectare de terra. O produtor conectou-se, e o campo passou a ficar menos distante das cidades.
Claro que ainda existem desafios, e muitos. Há ainda grande concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais, milhões de hectares de solos e pastagens degradados, ineficiência no uso de água na irrigação e problemas de aplicação de agroquímicos nas lavouras.
Mas há algo que não muda entre os agricultores. Junto à essência simples, soma-se a característica empreendedora — constatada no rastro de prosperidade deixado por produtores em todas as regiões brasileiras. Esse campo, que boa parte da população ainda não conhece, tem um baita protagonista. A ele, o nosso reconhecimento.