Com quase sua totalidade colhida, a safra de soja do Rio Grande do Sul segue crescendo em números. Novo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira (9), revisou para cima a produção do grão. A projeção feita agora é de que o Estado terá volume de 19,18 milhões de toneladas, número histórico. No mês passado, o órgão havia apontado que os gaúchos teriam sua maior colheita, superando o resultado de 2017, até então o maior. Mas a diferença era pequena — 18,74 milhões de toneladas, ante 18,71 milhões de toneladas.
Agora, a "folga" apontada é maior. Ainda que o dado não seja considerado unanimidade. Para o IBGE, a produção do atual ciclo ainda fica abaixo da de 2017, somando 18,66 milhões de toneladas. Percepção compartilhada pela Associação dos Produtores de Soja do RS (Aprosoja).
— Dificilmente iremos nos equiparar ao resultado de 2017, no geral. Tivemos atraso no início da safra, replantio, muito problema de chuva na Metade Sul. Teve regiões em que o resultado foi superior, como em Passo Fundo, mas no geral, não superou aquele ano — diz Luis Fernando Fucks, presidente da entidade.
Consultorias privadas vão na mesma linha da Conab, projetando volume acima das 19 milhões de toneladas, observa Índio Brasil dos Santos, da Solo Corretora:
— É um número alinhado ao range do mercado, bem pertinente.
Com volume farto nos silos, o produtor mira agora nas cotações. O dia de hoje é considerado decisivo na guerra comercial entre Estados Unidos e China, porque é quando começam a entrar em vigor, em tese, as novas tarifas para produtos chineses anunciadas no domingo passado pelo presidente Donald Trump. O movimento teve efeitos contrários na Bolsa de Chicago e no Brasil . Enquanto o valor do bushel caiu, ao longo da semana, o prêmio pago ao produtor brasileiro cresceu.
— Aumentou 60%. Saiu do patamar de 0,57 centavos de dólar para até 0,95 centavos, em cima da proteção que os compradores estão fazendo para eventual não acordo dos dois países — explica Santos.