O efeito da atual produção de grãos no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio do Rio Grande do Sul será o menor dos últimos cinco anos, apesar de esta ser a segunda maior colheita da história, de acordo com a base usada, do IBGE. Os R$ 108,83 bilhões de impacto da safra 2018/2019 também representam redução de 3,2% na comparação com o ciclo anterior, aponta levantamento feito pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A explicação para esse recuo vem de vários fatores, como redução nos preços das commodities, aumento nos custos e efeitos climáticos na produção. Na comparação de abril deste ano com igual mês de 2018, houve queda de 2% nos preços recebidos pelo produtor. Ou seja: a lavoura foi formada com gastos maiores e a venda da produção foi feita a preços menores. Então, nem mesmo o volume maior conseguiu compensar essa diferença.
— Temos uma safra que vai gerar um PIB menor. E o Estado poderá ter crescimento inferior ao brasileiro por conta disso — observa Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
É que o peso do setor agropeucário na geração de riquezas no Rio Grande do Sul é maior do que no país. Os dados mapeados pela entidade mostram ainda que o valor bruto da produção gaúcha — ou seja, o faturamento — no ciclo 2018/2019 chegará a R$ 32,96 bilhões, recuo de 3% sobre a safra anterior (veja quadro abaixo).
Também revelam que os custos operacionais cresceram 12% — a safra colhida neste ano é apontada como a mais cara da história. Luz explica ainda que o objetivo do estudo também é mostrar que o impacto da produção de grãos vai bem além das lavouras propriamente ditas:
— As pessoas costumam enxergar a agricultura como fornecedora, mas não se dão conta de é uma megacompradora. Para cada R$ 1 faturado na agricultura, são gerados outros R$ 3,02 na economia. O efeito multiplicador é muito maior do que o direto.