Os gastos do produtor gaúcho com duas das principais culturas de verão se manterão em alta no na safra 2019/2020, acompanhando curva de ascensão verificada nos últimos anos. Essa é a projeção da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS). Um retrato feito com base no momento atual aponta que serão necessárias 47,72 sacas de soja para fazer frente às contas. No milho, o cálculo estima 152,79 sacas — consideradas as áreas de sequeiro, ou seja, sem irrigação. Os dados levam em consideração rendimento médio de 60 sacas na soja e de 160 no milho.
Tarcísio Minetto, economista da entidade e responsável técnico pelo estudo, explica que boa parte da alta nos custos será alimentada pelo aumento nos insumos, que deverá ficar na média de 10% em relação ao ano passado. Em alguns itens, como os fertilizantes, a elevação passa de 20%, acrescenta.
— O custo de produção está voltado para cima. Infelizmente e teimosamente para cima — completa Paulo Pires, presidente da Fecoagro-RS.
Na comparação com o último levantamento feito pela entidade, que havia sido na safra 2014/2015, o custo total da soja subiu 61,5% e o do milho, 109,9%. Isso acabou reduzindo as margens do agricultor. Para se ter uma ideia, naquele ciclo, a rentabilidade da soja era de 17,4 sacas e a de milho, 10,98. Hoje, encolheu para 12,28 na oleaginosa e 7,21 no grão.
Daqui para a frente, muita água ainda vai rolar até a implantação da próxima safra. E há fatores que poderão alavancar os preços dos grãos, ajudando a equilibrar mais as contas. É o caso da situação do atraso no plantio nos Estados Unidos, com projeções de perda, em especial no milho, cuja janela de semeadura já fechou. E também da variação cambial e dos estoques, variáveis que poderão ajudar a sustentar valores.
— Esses dados são uma referência. O produtor deve aproveitar as janelas de oportunidade — orienta Minetto.
Sobre o próximo ciclo, o presidente da Fecoagro estima que "será favorável ao milho, em razão quebra nos Estados Unidos". Esse ambiente favorável ao grão produzido no Brasil poderá fazer com que a área dedicada à cultura no RS cresça, avalia o dirigente.