A demanda consistente por parte da indústria de proteína animal tem sido a cereja do bolo do momento de recuperação de preços do milho produzido no Brasil. Depois de um período de recuo, o grão volta a ter cotações melhores, impulsionado por fatores externos e internos, onde entra o apetite das empresas de aves e de suínos pelo item — ingrediente fundamental à ração.
Essa procura maior por parte dos frigoríficos reflete a perspectiva de que a China busque no produto brasileiro a solução para o problema de abastecimento causado pela peste suína africana dentro de casa. Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), vem colecionando relatos de empresas retomando plantas de abate paradas ou que estavam com capacidade ociosa:
— Indiscutivelmente, há uma procura firme por milho.
Mas há outros componentes a serem considerados nessa equação favorável de preços. Carlos Cogo, consultor em agronegócio, lembra que há quatro pontos favoráveis atualmente. O primeiro é o câmbio elevado, que fez o milho engatar a reação neste mês. O preço da saca, que chegou a estar entre R$ 34 e R$ 35 nos dois primeiros meses do ano (mercado de lotes), caiu para R$ 31 e hoje está em torno de R$ 33,50 no Interior. O segundo é a elevação das cotações na Bolsa de Chicago.
— Isso tem a ver com atraso no plantio dos Estados Unidos. Mas é um fator pontual — diz Cogo.
Soma-se a isso a retração dos vendedores nos locais em que há segunda safra de milho — Centro-Oeste e Paraná — e a necessidade por parte da indústria de carnes, e o cenário é de boas perspectivas para a sustentação de preços.
E, se dentro de casa há mercado para o grão, nas exportações, também. No primeiro quadrimestre do ano, o volume embarcado pelo Brasil cresceu 46%. Se a média diária de maio se mantiver, esse avanço poderia subir para 60% nos primeiros cinco meses. Dos fatores favoráveis, o que pode cair em curto prazo é o que alimenta a alta em Chicago, pondera Cogo.