Depois de hiato de quatro safras, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS) volta a apresentar levantamento dos custos de produção do trigo. A informação chega em momento importante, quando o produtor está fazendo a tomada de decisão para a safra de inverno. O cenário é preocupante: desde 2014 (data do último estudo), a área da cultura encolheu 500 mil hectares.
– É um sinal claro de que a cultura não vai bem – diz Paulo Pires, presidente da entidade.
Considerando o custo variável, a projeção é de desembolso de R$ 2.029,83 (veja abaixo) por hectare. A rentabilidade é de tímidos 2%, sem levar em conta o custo fixo.
– Se não houver renovação do convênio que isenta ICMS sobre insumos agrícolas, que vence em 30 de abril, poderá haver impacto de até 8% a mais no custo – acrescenta Tarcísio Minetto, diretor-executivo da Fecoagro.
A grande aposta da Fecoagro para driblar o cenário atual é projeto tocado desde 2016 em parceria com a Embrapa para cultivo de variedades diferentes da dominante no mercado interno. A proposta é diversificar, com espaço ao trigo para exportação. Quatro cooperativas (neste ano haverá uma quinta) têm áreas experimentais. O que se verificou é que houve produtividade média 8% menor em relação ao cereal de manejo tradicional, mas também redução de custos média de 21%.
– Se tivermos parte do Estado com trigo voltado à exportação, vamos enxugar a oferta do trigo tipo pão, o que é será bom para o preço – avalia Pires.