Prejudicados pelo excesso de chuva no mês de janeiro, principalmente na Campanha e na Fronteira Oeste, os produtores de arroz ganharam nova dor de cabeça. A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz) reclama que os agricultores não estão conseguindo acessar recursos do pré-custeio — financiamento normalmente usado para dar fôlego ao produtor e para reduzir a necessidade de venda do cereal logo após a colheita. O Banco do Brasil (BB), principal financiador de crédito agrícola no país, confirma que por enquanto não há recursos disponíveis voltados ao pré-custeio.
Segundo a instituição financeira, que responde por mais de 60% das operações do setor no Estado, a indisponibilidade de verbas nessa linha é para todas as culturas. A expectativa do BB é de que haja liberação nos próximos dias.
A situação, segundo o vice-presidente da Federarroz, Alexandre Velho, está causando um complicador extra ao arrozeiro — que já vem enfrentando dificuldades em razão do endividamento e das adversidades climáticas:
— É uma soma de fatores que estão tornando a situação cada vez mais difícil.
Ontem, em coletiva de imprensa na Embrapa Terras Baixas, em Capão do Leão, no sul do Estado, o dirigente detalhou novos números sobre os prejuízos causados pelo excesso de chuva. De acordo com a Federarroz, a redução da produtividade será maior em relação à estimativa inicial, que era de 10%.
As enchentes, somadas à baixa luminosidade incidente nas plantas, farão com que o rendimento das lavouras fiquem até 20% inferiores em alguns municípios da Campanha e da Fronteira Oeste. As regiões, que respondem por mais de 40% do cereal cultivado no Estado, foram as mais afetadas pela chuvarada.
— Com isso, prevemos uma safra de 7,3 milhões de toneladas, quase 1 milhão de toneladas a menos do que no ano passado — estima Velho, acrescentando que a redução atual leva em conta também a área 6% menor destinada à cultura nesta safra.
Produtores aguardam para o fim do mês, durante abertura oficial da colheita do arroz no Rio Grande do Sul, anúncio de medidas para socorrer o setor prometidas pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina — que deverá vir ao Estado para participar do evento.