O agronegócio foi o colchão que amorteceu um impacto ainda maior da recessão atravessada pela economia brasileira em 2015 e 2016. Ano passado, ajudou na tímida recuperação da atividade e foi decisivo para a queda da inflação. Mas o horizonte do campo está para lá de turvo. Não à toa, o Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro), divulgado na quinta-feira, mostra que o otimismo predominante até o primeiro trimestre virou pessimismo. A economia não se recuperou como o esperado. Para completar, a greve dos caminhoneiros teve como resultado a confusão da tabela de preços mínimos para frete, fator que incide na renda e nos custos dos campo.
Não bastassem nossas confusões domésticas, o front externo também traz mais dúvidas do que certezas. A guerra comercial entre Estados Unidos e China é um risco ou uma oportunidade? Lideranças do agronegócio e especialistas têm conclusões mistas. Pode ser a chance para o Brasil vender mais soja, mas o custo para a economia global de uma disputa entre as duas maiores potências dificilmente fará bem ao planeta. Ao mesmo tempo em que a China acena para o Brasil em busca de segurança alimentar, impõe barreiras ao frango brasileiro. A Rússia mantém a paralisação das compras de carne suína. Mais do que impactar os grandes números de exportação, é um quadro que bate lá nos preços pagos aos criadores, no Interior. O cenário afeta a fluidez do mercado.
Há pouco grão vendido da próxima safra de verão, por exemplo. A grande dúvida está no valor do frete para o próximo ano. Não há segurança para saber o que vai valer para 2019. Também há falta de referência entre os preços internacionais e os locais devido às rusgas entre Estados Unidos e China. Mas, como diz o diretor da Agroconsult, André Pessôa, este é um problema que sequer conseguimos nos preocupar ainda diante de temas mais urgentes.