Reivindicação dos caminhoneiros atendida pelo governo federal durante a greve da categoria, no final de maio, o tabelamento do frete deixou o transporte mais caro e atingiu em cheio as exportações do agronegócio gaúcho em junho. Relatório de comércio exterior da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) mostrou que, mês passado, foi observada, em relação a maio, retração de 25% no valor embarcado de produtos com origem no campo, para US$ 1 bilhão. Em volume, a queda foi de 30%.
Principal produto da pauta do Rio Grande do Sul e item mais afetado pelas incertezas relacionadas ao frete, a soja sentiu o impasse que levou à quase paralisação dos negócios. O volume embarcado, de 1,12 milhão de toneladas, foi 39% abaixo de maio e 11% aquém do mesmo mês de 2017. A receita, de US$ 448 milhões, foi 41% inferior a maio. No cotejo com igual período do ano passado, a diminuição foi de 3%.
O grupo carnes também não passou incólume. O volume — incluindo as proteínas suína, de frango e bovina — teve um tombo de 38% em relação a maio e de 58% sobre junho do ano passado.
Passando por uma temporada de grande aumento das exportações, o arroz foi outro produto que perdeu o embalo.
Os embarques recuaram 37% ante maio, mas mesmo assim foram mais do que o dobro do sexto mês de 2017. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, sustenta que, como o câmbio é favorável às vendas externas, os preços estão em bons patamares e há produção para ser escoada, o custo maior do transporte aparece como a principal justificativa para o recuo.
— Não temos outra razão para explicar por que as exportações despencaram — diz Luz, lembrando que levantamento recente da entidade mostrou que, de maio a julho, o preço médio do frete para o porto de Rio Grande subiu 29% no Estado.
Entre os principais produtos da pauta gaúcha, o fumo foi a exceção, com aumento de 55% no volume embarcado.