Enquanto deputados paulistas estão com projeto de lei que proíbe o embarque de animais vivos na ordem do dia, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul poderá receber proposta semelhante. Pelo menos esse é o objetivo da deputada Regina Becker (PTB), que diz estar com texto sobre o tema pronto.
Foi dela proposta para audiência pública realizada nesta segunda-feira (9). A ideia inicial era fazer a discussão em Rio Grande, onde fica o porto, mas a Câmara de Vereadores, local escolhido para o debate, negou a concessão do espaço.
– Tenho ciência de que esse é um negócio, mas é inadmissível que a gente continue com determinadas práticas. Não podemos ver os animais como commodities – argumenta Regina.
Ela diz que pretende apresentar a proposta de legislação o mais rápido possível, provavelmente após o recesso parlamentar, que começa no dia 17. E cita dados como o de que 30% da carga viva exportada chega no local de destino com fraturas para sustentar que a restrição do negócio “é o único caminho”:
– É uma questão que a gente precisa discutir.
Mas o assunto é polêmico. Criadores defendem a exportação de gado vivo como opção de mercado e garantem que os animais são transportados em navios em condições adequadas.
– O pecuarista é a quem mais interessa o bem-estar animal, porque ele depende disso como produtor rural – diz João Francisco Bade Wolf, vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac).
Ele rebate os dados mencionados pela deputada, afirmando que se houvesse problemas como o de fraturas em 30% dos animais, “o negócio não se sustentaria”:
– Já teriam parado de comprar.
Números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços mostram que, de janeiro a junho, os embarques de bovinos vivos do Rio Grande do Sul somaram US$ 51,11 milhões, quase o dobro da receita de igual período do ano passado. A polêmica discussão, que ganhou destaque com lei aprovada em Santos (SP), começa a ganhar terreno no Estado.