Defensor da exportação de gado vivo, o presidente de Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber, diz que não há espaço para que a lei que trata de transporte de animais vivos seja alterada.
A deputada Regina Becker (PTB) propôs audiência pública para tratar do assunto no porto de Rio Grande. Ela pretende também apresentar projeto de lei sobre movimentação de cargas vivas no RS.
Para o pecuarista, a parlamentar desconhece sobre como os animais são tratados na propriedade, no embarque e no navio.
— Os animais são muito bem tratados — garante.
A coluna conversou com o pecuarista. Confira trechos da entrevista.
O que acha da realização de audiência pública?
Acho que essa deputada está distante da realidade. Não sabe da forma como animais são tratados na propriedade. Os pecuaristas tratam bem de forma que esses animais possam ser negociados.
Antes do embarque ficam em uma quarentena, onde os que não são acostumados a ração passam a receber esse tipo de alimentação. Também são submetidos a testes. São transportados no navio com todo o conforto.
Porque é óbvio que os turcos (a Turquia é o único destino do animal embarcado no Estado) não pagarão R$ 6,5 o quilo para receberem animais mortos lá. Não há espaço para maus-tratos a animais.
Já entrou em navio que transporta gado em pé?
Não, mas vi um vídeo. O bebedouro dos animais é de aço inoxidável. É uma viagem que dura em torno de 15 dias e os animais são bem alimentados. Ela (deputada) deve ter visto vídeos de outros lugares, outros países, onde houve problema.
Esse navio de Santos, com 25 mil animais, o grande problema foi a medida judicial que impediu de sair do porto (em fevereiro a Justiça concedeu liminar, depois revertida, suspendendo o embarque) ficou mais de cinco dias atracado. Não podiam limpar as baias.
Só pequenos produtores vendem bovinos vivos?
Se forem também os pequenos produtores, que bom, porque estão sendo muito bem remunerados. Eu sou produtor de animais de qualidade e estou vendendo animais top. Não tem preço mais remunerador do que o da exportação, a R$ 6,50 o quilo.
Hoje vende para exportação todo mundo que tem terneiro inteiro (que não foi castrado). Obviamente, que tudo é uma questão de mercado. Agora, uma coisa te garanto: os animais são muito bem tratados. Fazem inspeção nos terneiros, são pesados individualmente.
Há a presunção de que sejam muito bem tratados. Ficaria extremamente chocado se soubesse que esses animais são maltratados. Porque são de ponta.
O senhor vê espaço para alteração na lei?
Não, até porque estão derrubando a lei de Santos. Fico triste, porque é uma chance que a gente tem de ganhar dinheiro. Na exportação, os animais são pesados um por um.
Não acredito que haja espaço para alterar a lei, e acredito que a venda de bovinos vivos seja um bom negócio para o pecuarista gaúcho e também para o porto de Rio Grande.