O setor que não deixou a economia brasileira encolher mais nos últimos anos sentiu o golpe. O Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro), divulgado nesta quinta-feira na Capital, mostra que o segmento passou de um otimismo moderado no primeiro trimestre para um quadro de pessimismo.
O indicador caiu de 107,1 pontos entre janeiro e março para 98,3 de abril a junho. O limite é 100.
André Pessôa, diretor da Agroconsult, que faz o levantamento das informações para a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), revela que a piora das expectativas se deve principalmente à deterioração das condições gerais da economia brasileira — que têm peso de cerca de 70% no índice — do que de pontos mais intrínsecos ao setor. Mas a greve dos caminhoneiros e o tabelamento do frete, fatores que atrapalharam o setor e aumentaram o mau humor no país, bateram nos dois lados.
— Estamos chegando a um nível de pessimismo parecido com o que tínhamos no período do pré-impeachment da presidente Dilma Rousseff — diz Pessôa.
Contribuíram para a queda do ICAgro a recuperação cada vez mais lenta da economia, o mercado de trabalho fraco e o Congresso praticamente parado, sem andamento de reformas.
— Houve uma reversão completa de expectativas positivas que existiam até o primeiro trimestre — completa Pessôa, acrescentando que o pessimismo é tanto dos produtores rurais, quanto de atividades complementares, dos fornecedores de insumos a indústrias transformadoras.
Nas questões que afetam de forma mais direta os negócios no campo, a piora foi menor. Os preços em regra estão bons, o câmbio ajuda nas exportações, mas por outro lado há grande preocupação com o aumento dos custos de produção.