Com a experiência de quem já esteve duas vezes à frente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do RS (Gadolando), Marcos Tang assume amanhã nova gestão como presidente (2018/2020). O dirigente comentou o efeito da greve sobre a atividade. Confira trechos da entrevista.
Como a Gadolando vê a greve dos caminhoneiros?
Só consegue entregar produto quem está perto do laticínio. A empresa também não tem onde colocar o produto. A grande maioria dos sócios da Gadolando começou a botar leite fora, porque o tanque enche em dois, três dias. O produtor é simpático à doação, mas não se encontra brecha legal para fazê-lo, porque é vedada a distribuição de leite cru, devido às normas de segurança alimentar. Ele está dando para os vizinhos, fazendo doce de leite.
Isso aprofunda a crise?
O produtor de leite está no vermelho, a ponto de estar saindo da atividade. Mesmo assim, a imensa maioria tem simpatia ao movimento dos caminhoneiros. Consumimos muito diesel nas nossas propriedades. A conta de uma pequena propriedade acaba sendo de até R$ 5 mil.
Como vencer este momento de dificuldade?
Não temos dúvida de que o produtor rural subsidia a cesta básica do país. Não é o governo, nem a indústria. Ninguém está vendo que a conta está negativa. O produtor tem de vender matrizes. E aí, fica um cobertor curto. Entregamos produtos sem saber quanto vamos receber, mas sabendo que insumos estarão cada dia mais caros. Acho que os caminhoneiros estão mostrando um caminho. Se não somos ouvidos com diálogo, tem de ser de outro jeito.
Qual é o caminho para a Expoleite/Fenasul? É torná-las itinerantes?
Apesar de toda a dificuldade deste ano, estavam lá 80 animais da raça. Não podemos deixar a feira morrer. Mas não tem como fazê-la sem a Farsul, por exemplo. Quero parceria com Farsul, Febrac. O produtor não é uma ilha. Sobre ser itinerante, não vejo como impossível, mas muitos que sugerem isso não têm a noção do quanto custa.