A imagem da foto acima sintetiza a situação da maior parte das indústrias de leite do Rio Grande do Sul. As máquinas estão paradas, sem poder operar. E não é apenas pela dificuldade de recolher leite nas propriedades. Já começam a faltar outros materiais utilizados pelas empresas, como embalagens e produtos químicos para a limpeza das instalações.
Ao mesmo tempo, os estoques estão abarrotados. Isso significa que, mesmo com a normalização da coleta da matéria-prima, só será possível retomar o processamento quando essa carga for despachada.
– Enquanto não houver uma solução sistêmica, não conseguiremos captar o leite que está nas propriedades. A primeira necessidade hoje é tirar estoques de dentro de fábrica. As ações pontuais de liberação são meramente paliativas – afirma Guilherme Portella, diretor de Comunicação Externa, Assuntos Regulatórios e Corporativos da Lactalis do Brasil.
Na Cooperativa Santa Clara (foto), a linha de produção de leite UHT segue sem atividade. O volume de leite que precisa ser descartado começa a crescer. Estimativa do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), com base na quantidade que deixou de ser recolhida, é de que 32 milhões de litros de leite tiveram de ser colocados fora ou estragaram nos caminhões.
– É muito leite fora, muito prejuízo. Cada dia piora, quem tinha condições de segurar a produção, não consegue fazer isso por cinco, seis dias – lamenta Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Há regiões em que os produtores foram para a frente das indústrias, na tentativa desesperada de conseguir entregar o leite. O problema é que a falta dos outros insumos e os estoques cheios impedem o funcionamento das empresas.