Sem conseguir recolher 80% do volume de 12,6 milhões de litros de leite que costumam ser captados no Estado diariamente, as indústrias estão praticamente paradas. Entre as maiores do segmento, o percentual processado é muito pequeno. A Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), que tem sede em Cruz Alta e processa até cerca de 1,7 milhão de litros de leite por dia, deve parar as atividades a partir dessa sexta-feira (25) se a greve for mantida.
– A permanecer a situação de hoje (24), amanhã (25) não dá mais para trabalhar. Mas não vamos nos aproveitar uma crise para onerar o consumidor final – afirma o presidente da CCGL, Caio Vianna.
Ele diz que a partir da sexta-feira, mesmo com liberações pontuais em rodovias via liminares, não haverá mais combustível para buscar o leite nas propriedades. Nesta quinta (24), a CCGL trabalhou com 20% da capacidade.
Situação semelhante é verificada na Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa, na Serra.
O volume de leite que foi possível recolher era suficiente apenas para 12 horas de trabalho na fábrica. A multinacional francesa Lactalis está com 90% da capacidade de captação comprometida. Como os estoques de leite UH no varejo costumam ser para o período de uma semana, dirigentes dessas empresas projetam que, se o movimento continuar, faltará produto.
– A tendência é de desabastecimento, sim. Imagino que, em uma semana, se não se resolver a mobilização, possa faltar produto – afirma Guilherme Portella, diretor de Comunicação Externa, Assuntos Regulatórios e Corporativos da Lactalis do Brasil.