Os reflexos da greve dos caminhoneiros, que provoca filas em postos de combustíveis de Porto Alegre desde a noite de quarta-feira (23), já se espraiaram para outros setores da Capital. Na manhã desta quinta-feira (24), um movimento atípico nos supermercados sinalizava a preocupação das pessoas com uma possível escassez de alimentos.
No Carrefour, o comportamento preventivo partiu da própria rede de supermercados. Mesmo com o movimento calmo na loja da Avenida Plínio Brasil Milano, foi estabelecido um limite de compras para os clientes. De tempos em tempos, um anúncio sonoro avisava: em razão da greve dos caminhoneiros, a aquisição estava limitada a cinco itens de cada produto por pessoa.
No Zaffari da Avenida Ipiranga, além dos produtos feitos no próprio supermercado, quase nada restava disponível no setor de padaria. Leite, ovos, água, hortaliças e papel higiênico eram itens abundantes nos carrinhos de quem resolveu se antecipar a um possível desabastecimento, gerando filas em todos os caixas que trabalhavam perto do meio-dia.
— Bem-vinda à Venezuela — ironizou um homem que circulava com a companheira entre as prateleiras de pão do supermercado.
— Estão falando que vai ser crítica a situação. Vim garantir pelo menos um pouco. Nem viria hoje, mas vim por causa disso — disse a estudante Elisa Kist.
Em uma unidade da mesma rede na Avenida Getúlio Vargas, por volta das 10h30min, as filas nos caixas atravessavam o supermercado, e era possível contar nos dedos os sacos de pão disponíveis nas prateleiras. A reação das pessoas variava: enquanto a maior parte reagia com bom humor, desavisados espantavam-se com o movimento excessivo.
— Acho que eu vou demorar, estou entrando numa filinha aqui... — dizia, ao telefone, uma mulher com um cesto cheio de energéticos.
Em outras unidades visitadas pela reportagem, o movimento, apesar de intenso, ainda não afetava o abastecimento nem superlotava os caixas. Supermercados da Zona Sul pareciam menos afetados pela comoção causada pela greve. Nas lojas que a reportagem visitou, nas avenidas Teresópolis (Nacional) e Cavalhada (Zaffari), o movimento era tranquilo — apesar disso, alguns dos clientes que circulavam também pareciam estar fazendo estoque de produtos como leite, arroz e óleo.
Nota do Carrefour sobre a restrição de cinco produtos por cliente
"A rede informa que está acompanhando atentamente os movimentos dos caminhoneiros e a negociação com o Governo. Reforça que o abastecimento segue sem muitos problemas em suas lojas em função dos volumes de estoques e que busca alternativas para atender o maior número de clientes. A empresa já está em contato com fornecedores locais para continuar garantindo o abastecimento."