O cerco cada vez mais fechado ao consumo do cigarro em nível mundial é o responsável por essa revolução que se desenha nas indústrias. Pressionadas, as empresas buscam alternativas ao uso do tabaco, como mostra a reportagem de Joana Colussi.
Oportunamente, cria-se um "buzz" no mercado para devolver a pressão aos órgãos reguladores. Com pressa em fazer a modificação no país _ em razão das restrições cada vez maiores ao consumo do produto tradicional _, as fabricantes precisam da aprovação para levar adiante o plano de substituição do modelo de negócio.
E essa campanha pela liberação dos dispositivos eletrônicos vem sendo feita de forma bastante ousada. No início deste ano, a Philip Morris causou repercussão mundial ao anunciar que pretende deixar a venda de cigarro no Reino Unido. Tudo por conta de frases como "Resolução do Nosso Ano Novo: Estamos Tentando Deixar os Cigarros e Todos os Anos, Muitos Fumantes Desistem do Cigarro. Agora é nossa vez".
Na nota em que explicava sua estratégia de mídia, a empresa falava na oportunidade que a Anvisa tinha de regulamentar esses novos produtos no país, revisando a norma que proíbe o consumo.
E se há argumentos razoáveis para tentar convencer a autorizar, há argumentações contundentes também de especialistas da área da saúde, que afirmam que apenas está sendo trocado um mal por outro.
Ao trazer esse assunto polêmico para o território brasileiro, a indústria está, mais uma vez, olhando para o seu negócio.
O país é o segundo maior produtor e o maior exportador de tabaco do mundo. Qualquer alteração de modelo de produção precisa, necessariamente, passar por aqui.
E se o insumo é o mesmo, apesar da menor quantidade, o real impacto sobre a produção, no campo, será conhecido no curto prazo, pois exportamos 90% da produção brasileira. Parte do sistema integrado, o agricultor precisa ser incluído neste debate.
Em um assunto tão delicado como esse, que impacta a saúde, física e financeira, de milhares de pessoas, não existe saída fácil.