Mais de 1,8 mil hotéis e restaurantes sofreram com os alagamentos em Porto Alegre e na Região Metropolitana, com uma previsão de que a retomada exigiria R$ 500 milhões. Só na Capital, foram suspensas as atividades em 1,2 mil estabelecimentos de gastronomia e em 37 de hospedagem, com risco de que muitos não reabram, especialmente os pequenos. Os dados fazem parte de um levantamento que será divulgado pelo Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha). No setor hoteleiro, são 6,5 mil leitos indisponíveis pelos próximos 45 dias.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente do Sindha, Paulo Geremia, alertou principalmente para os empregos. Segundo ele, cerca de 20 mil postos de trabalho estão em risco, ou seja, metade dos funcionários do setor. Ele entra no esforço que tem sido feito para pedir ao governo federal medidas trabalhistas, especialmente o pagamento dos empregados no caso de suspensão de contrato de trabalho ou redução de jornada.
- Muitas empresas estão sem operar e ficarão assim por meses. Estão sem faturamento durante todo o mês de maio e sem dinheiro para pagar funcionários no próximo dia 5 - enfatiza o empresário, que pede ainda crédito específico ao setor e isenções de impostos por seis meses.
Diversas reuniões têm sido feitas em busca destas medidas, reivindicadas, inclusive, por entidades de trabalhadores, como o Sindicato dos Empregados do Comércio de Porto Alegre. São semelhantes às da pandemia.
Na época, o acerto podia ser entre empresa e trabalhador diretamente, com o empregador se comprometendo a manter as vagas no retorno das atividades. O processo ficava mais ágil, mas Paulo Geremia não vê problemas de que agora seja por meio de convenção ou acordo coletivo, mas desde que haja verba federal para garantir a remuneração dos trabalhadores.
- Se o governo não for sensível, vamos ter que colocar no seguro-desemprego milhares de famílias, que também vão ficar sem assistência médica e até sem a refeição que fazem no local de trabalho - reforça o presidente do Sindha.
O "lay off" que a legislação permite hoje contempla o pagamento de uma bolsa ao funcionário durante a suspensão do contrato, mas ela é uma antecipação das parcelas do seguro-desemprego, que o empregado deixará de receber se ficar sem o trabalho no futuro.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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