Não tanto quanto a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas a guerra entre Israel e Hamas pode ter reflexos nos preços dos grãos. Consultorias de agronegócio monitoram o andamento do conflito para mensurar o efeito no dólar e, mais diretamente, nos fertilizantes. A alta do petróleo impacta o preço do insumo essencial na agricultura, seja por ser usado na sua própria fabricação ou nos veículos do campo e do transporte rodoviário (vide a alta do diesel neste final de semana). Se eleva preço de grãos, alimentos sobem e trazem consigo a inflação. A comida, que está mais barata, tem ajudado a segurar os indicadores, após ter disparado com a guerra no leste europeu. Além de permitir redução da taxa de juro, desafoga a renda das famílias para que possam consumir e reduzir a inadimplência. Ou seja, é mais um ponto a ser monitorado de perto pelos setores econômicos e governos.
Israel também exporta fertilizantes, e o Rio Grande do Sul é um dos mercados. Em 2022, o país foi origem de 6,3% - ou seja, US$ 221 milhões - do total de US$ 3,5 bilhões em compostos comprados pelo agro gaúcho, apontou o economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Oscar Frank, com dados do governo federal. O varejo, claro, é muito sensível a inflação, juro e poder aquisitivo das famílias.
- É o destaque absoluto das importações que o Estado faz da zona de conflito, que somam pouco mais de US$ 243 milhões - observa o economista.
No total, o montante é apenas 1,5% do que o Rio Grande do Sul compra de fora do país. As exportações para a região em guerra também representam pouco, apenas US$ 30,8 milhões, ou seja, 0,14% da pauta gaúcha, mas têm como destaque soja, milho e calçados.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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