Além do impacto social e político enorme, qualquer guerra tem efeitos econômicos, especialmente quando ela acontece relativamente perto do petróleo, como a declarada por Israel após o atentado feito pelo Hamas, com centenas de mortos e feridos. Vai para lá o foco que estava no conflito entre Rússia e Ucrânia, o que tende a aumentar conforme for a escalada da violência.
Oscilando entre US$ 80 e US$ 90, o barril do petróleo provocaria uma onda de inflação global caso voltasse a passar da casa dos US$ 100, pressionando os combustíveis. A movimentação será mais clara na segunda-feira (9), quando os mercados voltam a operar normalmente. Também é preciso saber com mais clareza a estratégia de ataque, se ela incluirá atentados a áreas de exploração de petróleo, como o Irã, que apoia o Hamas.
O radar dos investidores estará voltado para os Estados Unidos. A maior economia do mundo tem a inflação bastante sensível ao petróleo. Além disso, caso o governo entre na guerra com apoio aos aliados, injetaria mais dinheiro na economia afetando as já preocupantes contas públicas e provocando inflação por mais um lado. Se os preços ameaçarem a economia norte-americana, o banco central deles, o Federal Reserve (Fed), pode voltar a aumentar o juro, tirando dinheiro de empresas e provocando valorização mundial do dólar.
Alta do dólar é desvalorização do real. Com isso, temos inflação à espreita aqui no Brasil que vem dos Estados Unidos, além do próprio petróleo. Alta de preços aqui pode atrapalhar os planos do Banco Central de cortar a Selic em 0,5 ponto percentual a cada uma das próximas reuniões. Lembrando que o crédito mais barato e acessível tem sido a aposta de diversos setores econômicos na retomada, especialmente construção, indústria da transformação e concessões públicas.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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