
Criador do movimento Capitalismo Consciente, o indiano Raj Sisodi está visivelmente preocupado com a postura dos Estados Unidos sobre as outras nações e faz críticas fortes ao presidente Donald Trump. Ao mesmo tempo, reforça a importância de que líderes mundiais resistam à pressão, principalmente pelos sinais dados pelo planeta com as mudanças climáticas. Sisodia palestrará no LegadoCoop 2025, evento que será promovido por Sicredi Pioneira e Icatu Coopera nos dias 15 e 16 na localidade de Linha Imperial, em Nova Petrópolis. Confira a entrevista ao podcast Nossa Economia, de GZH, e ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
Como a postura de Trump impacta o Capitalismo Consciente?
Está praticando política, diplomacia e capitalismo sem consciência, preocupando-se apenas com o próprio poder e riqueza, tentando dominar outros países. É pensar a curto prazo e não no bem-estar de todos e na vida que floresce a longo prazo no planeta. Vão prejudicar outras nações e eles próprios, com perda massiva de empregos e do poder aquisitivo com alta da inflação. As políticas que estão sendo implementadas não são baseadas em sabedoria. Temos o infortúnio de ser liderados por alguém ignorante sobre nuances da economia e completamente movido por ego. Trump é egoísta e não tem empatia pelos outros. Tem sido chocante ver como poucos do sistema político americano têm integridade moral ou coragem de denunciar o que está errado. 99% dos líderes estão mostrando zero caráter agora.
Como acha que os países devem se posicionar?
Cabe aos líderes mundiais e de empresas continuarem fazendo o que sabem que é certo para gerações futuras e para o nosso planeta. O governo americano está determinado a reverter progressos sociais, ambientais e políticos. Temos que nos manter firmes naquilo que acreditamos.
O Capitalismo Consciente mudou?
Não, os princípios ainda são os mesmos. Temos que tomar cuidado para que as pessoas não levem ideias longe demais. Diversidade e inclusão, por exemplo, são importantes, mas, se transformar a discussão, as pessoas sentem que é injusto e que mérito não importa. Temos que dar um passo para trás e ter certeza de que o que defendemos é razoável.
Qual a importância do Capitalismo Consciente para combater mudanças climáticas e desastres naturais?
Muito importante. O planeta e o meio ambiente são uma grande parte do Capitalismo Consciente. Temos que garantir a qualidade do ar, da água, do solo, que dá garantia de comida para todas as vidas do planeta. Para uma empresa que quer ser consciente, essas preocupações são importantes. O Capitalismo Consciente tenta encontrar soluções boas para as pessoas, para as empresas e para o meio ambiente. Muitas vezes, tomamos decisões que são boas apenas para as pessoas. Um produto que custa barato, mas causa dano ambiental não é consciente. Ser consciente é olhar para o todo e não apenas para uma pequena parte.
Qual o papel do consumidor para fortalecer o capitalismo consciente?
Importante exercitar o consumo consciente, prestar atenção em quais produtos estão comprando, quais empresas apoiam em termos não só de preço mas também de impacto.
Na Índia, existe a figura de Shakti, que é a divindade feminina. Qual a importância das líderes mulheres no Capitalismo Consciente?
Na Índia, há muitas deusas. Shakti é a deusa da energia. O papel feminino não é só das mulheres. No meu livro que fala sobre Shakti, busquei trazer o valor da energia feminina, que tem sido dominada por energia masculina por muito tempo. É por isso que temos tantas guerras e sofrimento em todas as partes da sociedade. Precisamos trazer cuidado, compaixão e empatia, qualidades femininas, em todos os líderes mundiais.
Como o cooperativismo se encaixa no Capitalismo Consciente?
É muito compatível, porque o movimento é baseado em cooperação e não só competição. Negócios tradicionais são apenas sobre competição, mas nós consideramos que o ser humano só pode se desenvolver se trabalha em cooperação com os outros.
Assista aqui à entrevista:
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: R$ 410 milhões em supermercados, proposta por fábrica da Paquetá e tarifaço no Brasil
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna