Em vez de reindustrialização, está se chamando de neoindustrialização a política que pretende se adotar para o setor que é motor da economia brasileira. A ideia é recuperar o que se perdeu no processo de desindustrialização que o país sofreu, mas também achar novos caminhos e fazer outras apostas. Detalhes da nova política industrial do país foram trazidos no Campo em Debate sobre o assunto mediado pela coluna na Casa RBS, na Expointer, pelo secretário Adjunto de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, Felipe Augusto Machado, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), que deu a entrevista abaixo após o evento (que você pode conferir aqui).
Como está o cronograma para implementá-la?
No dia 6 de julho, fizemos a primeira reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, presidida pelo presidente Lula, e estabelecemos as seis missões que vão governar a política industrial. Até o final do ano, vamos elaborar quais são as prioridades dentro delas, para definir quais instrumentos de política pública vamos usar, como compras governamentais; financiamento; fomento; e investimento em pesquisa e desenvolvimento.
Aproveitando que é gaúcho, o que teria impacto na indústria do Rio Grande do Sul?
Sem dúvida, a agropecuária será fundamental para arrastar a indústria ligada a ela. Temos o setor forte e vigoroso de máquinas e equipamentos, que precisamos nacionalizar mais, para que invista mais em pesquisa e desenvolvimento e nas necessidades dos agricultores familiares. Precisamos também reduzir a dependência externa de fertilizantes. Com a guerra, vimos dificuldade de acesso a esses produtos.
A partir de que quando veremos as medidas?
A maior parte será mais para o final do ano, por volta de dezembro, mas há outros programas, como o Mais Alimentos, que já estabeleceu linhas de financiamento e previsões de assistência técnica para agricultores familiares. Temos também o Plano Nacional de Fertilizantes, que já tem medidas sendo adotadas.
Há chance de termos no Brasil fabricação significativa de chips, algo que tanto faltou na pandemia?
Sem dúvida. A decisão que precisa ser tomada pelo governo até o final do ano é exatamente sobre o que nós queremos desenvolver dentro dessa cadeia de semicondutores aqui no Brasil. Na reunião, já se teve a decisão política de que a cadeia de microeletrônica, que é ainda mais ampla do que a de semicondutores, é uma prioridade. Ela aparece em pelo menos duas das missões como uma prioridade a ser desenvolvida.
Algo para a área de energia? O Rio Grande do Sul é forte em eólica e aposta no hidrogênio verde.
Uma das missões fala em descarbonização, transição energética e bioeconomia. O objetivo é justamente o adensamento da cadeia produtiva ligada a equipamentos de geração de energia. O próprio presidente Lula tem mencionado aerogeradores, painéis solares e hidrogênio verde. As medidas vão depender muito da cadeia em si. Em painéis solares, tem domínio forte da China. Então, exige medidas diferentes de outros setores mais incipientes, como o hidrogênio verde, no qual não temos comércio internacional robusto.
Ouça a entrevista na íntegra ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha:
Assista ao Campo em Debate, na Expointer:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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