Não que tenha sido assustadora, mas a prévia da inflação, com IPCA-15 em 0,28% em agosto, acima do previsto pode fazer o Banco Central tirar o pé do acelerador no corte do juro. Reajuste de energia e combustíveis puxaram a alta, junto com o aumento dos carros novos após o fim do bônus do governo federal. Alimentos seguem com queda de preço. Para ter uma ideia, o IPCA acumulado de 12 meses subiu de 3,19% para 4,24%, enquanto a meta do ano é de 3,25%.
Diante disso, a redução do juro tende a se manter em 0,5 ponto e não acelerar para 0,75 como chegou a se cogitar. Dificilmente, por enquanto, se aposta que diminua. Mas ainda temos outras divulgações até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), observa o economista João Fernandes, da Quantitas Asset.
O aperto da política monetária nos Estados Unidos também colabora com este cenário. No simpósio de Jackson Hole, o presidente do Federal Reserve (banco central norte-americano), Jerome Powell disse que a inflação saiu do pico, mas segue alta. Indicou juro elevado por mais tempo, com porta aberta para voltar a subi-lo. Para evitar fuga de dólares, o Brasil deve manter uma taxa atrativa para o investidor ou enfrentará pressão inflacionária do câmbio.
Além disso, apesar da aprovação do arcabouço fiscal no Congresso, segue a preocupação com as contas públicas. O receio com o aumento de gastos foi manifestado à coluna pelo presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, nesta sexta-feira (25), na Expointer.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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