O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Uma gaúcha está na lista "25 Mulheres na Ciência América Latina", organizada pela multinacional 3M. A iniciativa destaca mulheres que desenvolvem projetos no campo científico. É Dominique Rubenich, de Porto Alegre, biomédica formada em 2017 pela UFCSPA, a Federal de Ciências e Saúde de Porto Alegre. A jovem de 29 anos está elaborando um software — uma plataforma digital — para ajudar pacientes com câncer no seu tratamento. A ideia é que, com uma gota de sangue, seja possível fazer uma análise para saber se o corpo está atacando ou não o tumor.
— Vimos que poderíamos, através de outras células, ter uma noção do que estaria acontecendo com o tumor, e como que esse paciente poderia ter uma terapia um pouco mais personalizada. Estamos nas fases finais de desenvolvimento do software, mas a ideia é tornar mais acessível, mais tranquilo e mais fácil o caminho a ser percorrido pelos pacientes.
A avaliação será feita usando inteligência artificial, que fará reconhecimentos de padrões de imagem para identificar se o tratamento está funcionando. A ideia principal é que o software seja de amplo acesso, estando disponível em clínicas e hospitais. O programa teve financiamento do PPSUS (Programa Pesquisa para o SUS), que é ligada ao Ministério da Saúde, e da Fapergs (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul), ligada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
No Brasil, oito pesquisadoras foram premiadas, em outros seis Estados brasileiros: Pernambuco, Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, Sergipe e Santa Catarina. Os projetos contemplam questões ambientais e de saúde. De acordo com a 3M, Dominique é a única gaúcha.
O processo de avaliação foi conduzido por um júri de representantes da multinacional, além de convidados externos com experiência nas áreas de ciência, pesquisa e inovação. Entre os critérios avaliados estavam o potencial de impacto social direto ou indireto na região de atuação das pesquisadoras, inovação e viabilidade de implementação do projeto.
Mineira representa universidade de Pelotas
O Rio Grande do Sul teve outra representante na lista, a professora Giana Lima, da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), de 42 anos. De Belo Horizonte, se mudou para Pelotas há 20 anos. Ela faz parte de uma equipe de 12 pesquisadores que criaram um material com efeito antimicrobiano, ou seja, que não é propício para bactérias, para usar em materiais odontológicos, como na ortodontia — área responsável pela correção do posicionamento dos dentes —, próteses e restaurações.
A pesquisa começou há 10 anos. Em entrevista à coluna, ela contou que se inscreveu no prêmio apresentando seu currículo e descrevendo sua trajetória como pesquisadora, mas enfatiza que o projeto existe graças à colaboração de toda a equipe, que conta outras pesquisadoras mulheres, inclusive.
A invenção foi patenteada nos Estados Unidos e no Brasil. A professora disse que já há conversas com empresas e que esperam licenciar a patente para fabricar o produto. De acordo com ela, o material é promissor e deve se tornar acessível aos consultórios e clínicas dentárias.
— Esse prêmio é um reconhecimento impactante. Hoje, apenas 30% dos pesquisadores nas áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) são mulheres. Promover os exemplos femininos é estimular as meninas e mulheres da ciência, mostrar que é possível. Incentivar que mais mulheres se dediquem a essas áreas e contribuam com diversidade e qualidade para enfrentar os desafios atuais e futuros — disse a professora.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna