A montadora de aviões que a gaúcha Aeromot construirá em Guaíba poderá produzir 50 aeronaves por ano. O modelo específico a ser montado no Brasil será o DA62 da Diamond, uma fabricante austríaca com atuação mundial. Inclusive, a licença para construção no Brasil foi emitida pelo braço canadense da montadora.
Segundo o CEO da Diamond Aircraft Canada, Kevin Sheng, atingir essa quantidade de unidades é o objetivo, tanto da marca como da Aeromot, conforme o mercado local crescer. A ideia é vender inicialmente para Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O aporte inicial será de R$ 300 milhões, com início de operação previsto para 2025.
"O mercado brasileiro e sul-americano em geral tem tido um forte crescimento e acreditamos que agora é o momento certo para buscar oportunidades para expandir a produção e as vendas nesta região", disse em nota.
A Diamond divulgou a parceria nesta semana. A produção da aeronave começará já na unidade de Porto Alegre, conta o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha. O primeiro protótipo será montado até o final de 2024. Depois, ao longo do ano seguinte, a fabricação será transferida para Guaíba, ficando somente lá.
A fábrica ficará em uma área conhecida como parte do terreno que foi destinado à montadora Ford para um investimento que não ocorreu. Agora, foi assinada uma cessão onerosa com o governo do Estado, que é o dono do local. O dispositivo foi criado pela Secretarial Estadual de Desenvolvimento Econômico para evitar o que aconteceu com outras empresas, incluindo a Foton, que anunciou uma montadora de caminhões, mas não construiu.
Em outra ocasião, o CEO Guilherme Cunha disse à coluna que o faturamento de largada deve ficar entre R$ 300 milhões a R$ 500 milhões por ano. Há potencial de o empreendimento atingir um investimento de R$ 1 bilhão, com expansão a ser iniciada ainda antes de 2025.
A Aeromot já tem uma unidade em Porto Alegre, onde já comercializa as aeronaves da Diamond. A operação será mantida. Além do avião de entrada na produção, que é de um modelo já existente e movido a combustão, Cunha projeta para o futuro a fabricação de aviões elétricos e a hidrogênio verde.
A estrutura terá uma pista de 1,8 mil metros, que atende a aviação executiva, e hangares. Um centro de pesquisa e desenvolvimento estudará novos materiais, como grafeno. Muitos dos empregos serão para profissionais especializados, que terão de ser formados em parcerias que a Aeromot pretende fechar com instituições de ensino.
Além da Diamond, a empresa italiana Leonardo Corporate também está interessada em instalar-se no local. Recentemente, a coluna noticiou que dobrou a área da cessão onerosa no distrito industrial para 500 hectares e que estava se trabalhando para ter mais uma operação da montagem de aeronaves, incluindo helicópteros.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna