Nem o Banco Central sabe bem o que vem por aí na inflação, mas avisa que vai aumentar o juro se ela acelerar. À tarde passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 13,75% ao ano, mas o comunicado que veio junto avisou: "acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação."
A variação de preços é uma incógnita do momento e está diretamente ligada ao comportamento fiscal do governo Lula. O estouro do teto de gastos estava previsto, independentemente de quem ganhasse a eleição. Mas qual será a intensidade nos próximos anos? Por quanto tempo? Vai mudar a âncora fiscal? Quem comandará a economia e como sua equipe será formada? Não se sabe.
Enquanto isso, o Copom já subiu as projeções de IPCA de 5,8% para 6,0% em 2022), de 4,8% para 5% em 2023 e de 2,9% para 3,0% para 2024. O atual presidente, Roberto Campo Neto, fica no Banco Central até 2024.
O efeito prático disso é que o crédito fica mais restrito e caro por mais tempo, um remédio amargo para combater a inflação. Talvez a redução da Selic não comece na metade de 2023, como o esperado, e pode ser que a taxa aumente. De imediato, empresas também ficam com receio de fazer investimentos, assumir empréstimos, participar de concessões. Afinal, os contratos são amarrados a juro, câmbio e índices de preços.
A preocupação dos empresários com as taxas de juros elevadas cresce há seis trimestres e, entre julho e setembro, tirou o sono de praticamente um quarto dos industriais. Desde o início de 2017, não se via nada parecido, segundo a última Nota Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entre os principais problemas observados pelo setor industrial, os juros receberam 24,2% das menções. Para se ter uma ideia, as altas taxas ocupavam 13ª no ranking de principais problemas enfrentados pela indústria de transformação, no primeiro semestre de 2021. Atualmente, subiu para o quarto lugar.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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