A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve autorizar o maior aumento em duas décadas para os planos de saúde individuais e familiares. Cálculos de especialistas e instituições financeiras projetam um aumento entre 15% e 18%. Até agora, o maior reajuste foi em 2016: de 13,57%. O índice está para ser divulgado ainda em maio para entrada em vigor.
O analista do programa de Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Matheus Falcão, disse ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que não há dados suficientes para justificar um aumento tão expressivo, mas certamente ele será de dois dígitos. No Rio Grande do Sul, 351 mil pessoas pagam planos de saúde individuais — a maioria são idosos, que desembolsam mais por causa da sua idade.
— Não existe um dado que nos permita afirmar de forma definitiva que esse aumento precise ser tão alto. A própria variação de custos médicos e hospitalares não aumentou de forma tão grande assim para que o reajuste seja tão grande — argumentou.
A justificativa para esse aumento, segundo as instituições, é que no ano passado houve uma redução de 8,19% por causa da pandemia.
— Realmente, diminuiu muito o uso de serviços médicos hospitalares. Isso porque as pessoas não foram fazer cirurgias eletivas e procedimentos não urgentes. Elas ficaram em casa. Justamente por isso as operadoras gastaram menos durante a pandemia. Além disso, os grandes custos com testes foram arcados pelo SUS e não pelas operadoras — disse o especialista.
Segundo Matheus, a formula calculada pela ANS leva em conta as variações de custos médicos hospitalares do setor e também a industrialidade (quanto aumentou de uso de serviços) e a inflação no país.
— Sempre que vem o reajuste, a pessoa pode questionar a operadora. Perguntar de onde veio esse reajuste. A operadora tem o dever de justificar numa linguagem que o consumidor compreenda de onde chegou o reajuste e pedir uma redução. O ideal é recomendar que sempre se tente uma negociação direta com a operadora.
Além de tentar negociar, o analista recomendou que o cliente busque na concorrência propostas melhores. É a chamada portabilidade. Ele alertou que há um guia de portabilidade no site da ANS que pode ser acessado clicando aqui.
— É importante destacar que essa questão só vai ser resolvida quando a ANS fiscalizar de uma forma um pouco mais firme e mais protetiva ao consumidor a aplicação destes reajustes anuais. Sempre acaba sendo a operadora o lado mais forte nessa briga pelo reajuste — acrescentou.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Ouça a íntegra da entrevista do Gaúcha Atualidade com Matheus Falcão:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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