Dos R$ 48,5 bilhões de lucro que a Petrobras distribuirá aos acionistas, o governo federal receberá R$ 14 bilhões. Ele detém 28,67% das ações da estatal. Em segundo lugar na lista, está o BNDES, que tem 8% dos papéis e terá R$ 3,9 bilhões. A repartição dos dividendos gera indignação em tempos de preços dos combustíveis em alta ao consumidor, o que é inflamado pelo presidente Jair Bolsonaro, que disse à noite passada que os lucros registrados recentemente pela empresa são "um estupro", beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira.
Mas como o governo federal é o mais beneficiado, na verdade, poderia usar esse dinheiro para amenizar os preços. Deveria criar de uma vez o fundo de estabilização, falado há anos e já aprovado no Congresso. Ele serviria de um colchão financeiro para períodos de forte oscilação. Hoje, os dividendos são usados pelo governo federal onde ele decide.
É uma opção mais saudável para a economia do país do que ficar exigindo que a Petrobras não cumpra a sua política de preços ou, pior, interferir politicamente na empresa. Isso afastaria investidores estrangeiros, provocando desvalorização ainda maior do real frente ao dólar, o que, por sua vez, pressionaria ainda mais os combustíveis e a inflação no geral.
Aliás, a Petrobras está segurando há algum tempo uma alta que, pela política de paridade internacional, deveria repassar aos preços. O diesel está 25% abaixo do Exterior, a gasolina, 19%. O dólar e o petróleo subiram bastante nas últimas semanas. A pressão dos importadores para que ela aumente os preços tem sido forte. As distribuidoras deixam de importar porque aqui está mais barato, encomendam mais, a Petrobras estabelece cotas, gera temor de desabastecimento e o mercado fica tenso.
- Desestímulo a importações, principalmente, aliada ao aumento de encomendas. Ainda temos dependência de compras do Exterior. A Petrobras conseguirá atender sozinha todo o mercado? Começa a ficar desequilibrada a relação de oferta e procura, falta de produto, como diesel, e afeta muitos setores - comenta o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Sulpetro), João Carlos Dal'Aqua.
Em tempo, a Petrobras pagou R$ 69,9 bilhões em tributos no primeiro trimestre.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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