O presidente Jair Bolsonaro voltou a tratar do preço dos combustíveis em transmissão pela internet na noite desta quinta-feira (5) e fez novos apelos à Petrobras para que não sejam realizados aumentos. Bolsonaro comparou a companhia a outras petrolíferas para pressionar uma redução do lucro da brasileira. As declarações ocorreram pouco antes da divulgação do balanço trimestral da Petrobras, com alta de 3.718% no lucro.
— Shell, Total, elas têm lucro na casa de 10% a 15%. A Petrobras, de 30%. Petrobras, diminua a voracidade do lucro — acrescentou, exaltado. — Muitas petroleiras mundo afora reduziram o preço, baixaram margem de lucro.
Ainda em tom inflamado, Bolsonaro afirmou que os lucros registrados recentemente pela empresa são "um estupro", beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira. Contudo, descartou interferir na companhia.
— Se tiver mais um aumento (nos preços dos combustíveis), pode quebrar o Brasil. E o pessoal da Petrobras não entende, ou não quer entender. A gente sabe que têm leis. Mas a gente apela para a Petrobras que não aumente os preços — disse Bolsonaro, que também chamou o lucro da estatal de "abusivo" e o classificou como "crime".
— Se aumentar de novo o preço dos combustíveis, o nome da Petrobras vai para a lama — acrescentou.
— Sei que (a Petrobras) tem acionistas. Mas quem são os acionistas? Fundos de pensões dos Estados Unidos. Nós estamos bancando pensões gordas nos Estados Unidos. Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem mais aumentar mais os preços dos combustíveis — seguiu, na live.
De acordo com o presidente, a Petrobras "tem gula enorme" e "tem gordura" para "adotar responsabilidade" e não subir o preço dos combustíveis no país.
— Vocês têm lucro de 30%. Dá para resolver isso aí — apelou o presidente ao presidente da empresa, José Mauro Ferreira Coelho, aos diretores da empresa e até ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. — Quando é empresa pública ou sociedade de economia mista, deve ter função social.
Apesar dos ataques à Petrobras, Bolsonaro disse que a empresa precisa ser lucrativa e descartou que a cúpula aja de forma não republicana, embora tenha criticado a bonificação de diretores da estatal.
Após a sequência de críticas, Bolsonaro reconheceu que se excedeu e pediu desculpas à Petrobras. Ele reforçou, também, que não vai interferir na companhia.
— Eu não mando na Petrobras. Tem uma pesquisa aí dizendo que 70% são favoráveis a que governo interfira na Petrobras. Isso é irresponsabilidade — disse.