Em meio à alta dos preços dos combustíveis, a Petrobras divulgou nesta quinta-feira (5) que fechou o primeiro trimestre deste ano com lucro de R$ 44,561 bilhões, 3.718% a mais do que há um ano, e 41,4% maior do que o registrado no trimestre anterior, segundo informou a companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A receita de vendas no período subiu 64,4%, para R$ 141,641 bilhões, frente ao primeiro trimestre de 2021, e 5,6% em relação ao quarto trimestre do ano passado. O Ebitda, que mede a capacidade de geração de caixa da companhia, teve alta de 58,8% contra o primeiro trimestre do ano passado e avanço de 23,5% em relação ao quarto trimestre de 2021, para R$ 77,710 bilhões.
Em carta divulgada junto ao relatório financeiro, o novo presidente da companhia, José Mauro Coelho, atribuiu o resultado ao fato de a empresa estar agora saneada, com redução de encargos para pagamento de dívidas, investindo com responsabilidade e eficiência.
"Este resultado financeiro deve-se ao fato de termos agora uma Petrobras saneada, que reduziu os encargos com pagamento de dívida, investe com responsabilidade e opera com eficiência. Por isso, é possível gerar esse retorno importante para o acionista, em especial a sociedade brasileira, representada pela União", afirmou Coelho, que ressaltou que a companhia distribuiu em tributos valores superiores ao lucro dos acionistas. "Neste trimestre, pagamos para União, Estados e municípios em tributos uma vez e meia o valor do nosso lucro líquido. A Petrobras está distribuindo os frutos de sua geração de valor para a população brasileira", argumentou.
Críticas de Bolsonaro
Pouco antes da divulgação do resultado da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro fez apelos para que a empresa não volte a aumentar o preço dos combustíveis no Brasil. Durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente afirmou que os lucros registrados recentemente pela empresa são "um estupro", beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira. Contudo, ele descartou interferir na companhia.
— Se tiver mais um aumento (nos preços dos combustíveis), pode quebrar o Brasil. E o pessoal da Petrobras não entende, ou não quer entender. A gente sabe que têm leis. Mas a gente apela para a Petrobras que não aumente os preços — disse Bolsonaro, que também chamou o lucro da estatal de "abusivo" e o classificou como "crime". — Se aumentar de novo o preço dos combustíveis, o nome da Petrobras vai para a lama — acrescentou.
— Sei que (a Petrobras) tem acionistas. Mas quem são os acionistas? Fundos de pensões dos Estados Unidos. Nós estamos bancando pensões gordas nos Estados Unidos. Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem mais aumentar mais os preços dos combustíveis! —seguiu o presidente, na live.
Após uma sequência de críticas, Bolsonaro reconheceu que se excedeu e pediu desculpas à Petrobras. Ele reforçou, também, que não vai interferir na companhia.
— Eu não mando na Petrobras. Tem uma pesquisa aí dizendo que 70% são favoráveis a que governo interfira na Petrobras. Isso é irresponsabilidade — disse.
Na esteira das críticas feitas à Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro comparou a estatal a outras petrolíferas para pressionar uma redução do lucro da brasileira.
— Shell, Total, elas têm lucro na casa de 10 a 15%. A Petrobras, de 30% — afirmou o presidente na transmissão ao vivo nas redes sociais. _ Petrobras, diminua a voracidade do lucro — acrescentou. — Muitas petroleiras mundo afora reduziram o preço, baixaram margem de lucro.
De acordo com o presidente, a Petrobras "tem gula enorme" e "tem gordura" para "adotar responsabilidade" e não subir o preço dos combustíveis no País.
— Vocês têm lucro de 30%. Dá para resolver isso aí — apelou o presidente ao presidente da empresa, José Mauro Ferreira Coelho, aos diretores da empresa e até ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
— Quando é empresa pública ou sociedade de economia mista, deve ter função social.
Apesar dos ataques à Petrobras, Bolsonaro disse que a empresa precisa ser lucrativa e descartou que a cúpula aja de forma não republicana — embora tenha criticado a bonificação de diretores da estatal.