Com a alta do petróleo e do dólar (ou melhor, desvalorização do real), a Petrobras tem espaço para voltar a aumentar o preço da gasolina nas refinarias. Não é espaço no bolso do consumidor, claro, mas na comparação com o preço dobrado no mercado internacional pelo combustível. A estatal recém fez dois cortes de preço após seis altas consecutivas. Também foram as primeiras reduções do ano.
- Temos um "gap" da gasolina perto de +13,5% em relação ao Exterior. Há uma chance razoável de um aumento hoje ou amanhã da ordem de 5% a 7% - diz o economista da Quantitas Asset João Fernandes.
No caso do dólar, o risco fiscal e o avanço da pandemia no Brasil pressionam a desvalorização do real. Já o petróleo tem subido e não apenas pelo navio que estava encalhado no Canal de Suez.
- Suez fez pouco efeito nos preços, foi pontual. O mercado tem esses movimentos... A queda anterior do petróleo tinha sido forte. Tinha muita gente com posições compradas e quando começou a ceder abriu uma sequência de "stops" grande que intensificou a queda. Essa volta recente, eu vejo mais como um alinhamento do que seria mais condizente com o fundamento - detalha o economista.
Nas bombas
E isso acontece após a primeira queda sentida pelo consumidor gaúcho no ano. O preço médio da gasolina recuou 10 centavos na última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), considerando 133 postos do Rio Grande do Sul. O litro passou a custar, em média, R$ 5,71. O preço mais baixo do levantamento foi de R$ 5,16, encontrado em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.
Há ainda um fator regional, que é o repasse das altas anteriores para o preço de pauta do ICMS da gasolina no Rio Grande do Sul. No dia 1º de abril, ele subirá 42 centavos, ficando em R$ 5,84. Com isso, cada litro pagará em torno de 14 centavos a mais de tributo. Até cair de novo, é preciso ter novos recuos nas bombas, pelo efeito em cascata da substituição tributária.
Mudança na Petrobras
A assembleia para definir sobre a troca no comando da Petrobras está marcada para 12 de abril, quando acionistas avaliarão os nomes indicados. Inclusive, a indicação do general Joaquim Luna e Silva para substituir o presidente da estatal Roberto Castello Branco, criticado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro. Castello Branco prometeu seguir o preço internacional até sair do cargo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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