Chamado de inflação da construção, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou a alta em setembro em Porto Alegre. Calculado pela Fundação Getúlio Vargas, o indicador fica em 1,28% neste mês, que é bem acima do 0,34% de agosto. A pressão começou por São Paulo e Rio de Janeiro, chegando mais recentemente à capital gaúcha, que agora tem uma alta de preços superior à média nacional (+1,15%).
Lembrando que o índice é utilizado para reajustar as parcelas dos contratos de compras de imóveis durante a fase de construção. Em um mês, trouxe uma variação que é a metade da inflação geral para o consumidor de um ano inteiro atualmente. Depois de pronto, o imóvel financiado passa a ter a prestação atrelada a outros indicadores.
Considerando o cenário nacional, não foi a mão de obra que pressionou o avanço desta vez. Houve pressão forte, sim, dos preços dos materiais e equipamentos para construção. Em especial, itens para estrutura e instalação. Individualmente, a FGV destaca elevações de preços de tubos e conexões de PVC; cimento Portland comum; tubos e conexões de ferro e aço; esquadrias de alumínio; e condutores elétricos. A pesquisa identificou queda de preço apenas na tinta a óleo.
O comportamento dos preços por item fecha com o que o vem alertando a coluna o empresário gaúcho Felippe Sielichow, que é diretor da Ferragem Porão e também da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac) e do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (SindilojasPOA).
- Estamos com muitos problemas no cobre. O fio flex 2,5 dobrou de preço devido à falta de cobre no mercado. As fábricas de escadas de alumínio estão com pedidos programados para entrega em dezembro, pois não têm o insumo. Pedidos também são suspensos por falta de resina para os plásticos. A nossa sorte é que temos muitos distribuidores. Então, se falta na indústria, eles ainda têm estoque. Muitas indústrias deram férias coletivas em março, desligaram equipamentos, demitiram pessoas. Só que o nosso ramo não parou e teve aumento na demanda. Lojistas estão aumentando os estoques também, e a indústria não estava preparada. Na Ferragem Porão, o nosso forte é tinta. Por enquanto, está tudo normal.
Se tem um setor que está aquecido é o imobiliário com todos os estímulos e o juro reduzido, o que movimenta também a construção civil. Além disso, o varejo de materiais de construção foi considerado essencial e pouco sofreu com as restrições. Como tempero, as pessoas estão mais em casa e gastando com reformas do lar.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da colunista
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GaúchaZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.