A Marcopolo ainda fechou o segundo trimestre da pandemia com lucro, mesmo que 93,7% menor do que no mesmo período de 2019. O resultado foi de R$ 5,4 milhões, contra R$ 86,3 milhões. O coronavírus reduziu a receita da fabricante de ônibus da serra gaúcha.
“Todos os segmentos de mercado foram afetados pela retração de demanda, causada pelas restrições no transporte de pessoas, afetando os clientes da companhia no Brasil e no exterior”, ressaltou a Marcopolo no relatório trimestral divulgado pela companhia, que tem capital aberto e, portanto, ações negociadas na bolsa de valores. O endividamento financeiro líquido fechou o semestre em R$ 1,235 bilhão. No meio do ano passado, era de R$ 767,2 milhões.
Segundo a Marcopolo, todas as fábricas sofreram restrições sanitárias na pandemia, afetando a produção do trimestre. Parte relevante dos funcionários ficou ociosa. Mesmo com a volta, o nível de produção está reduzido em mais de 40% no Brasil e no Exterior. No Brasil, a demanda por ônibus cai com o impacto do coronavírus no turismo, linhas rodoviárias interestaduais e internacionais, transporte escolar e transporte público urbano. Todos os segmentos da Marcopolo são afetados.
Já as exportações trazem melhor desempenho, segundo a companhia. Dois fatores são apontados: a desvalorização cambial e as encomendas para a África. E a projeção é aumentar a partir do final do ano:
"A Companhia observa que as exportações devem aumentar novamente a partir do 4T20, tendo em conta a sazonalidade do período e novas entregas para a África."
- As exportações da Marcopolo a partir do Brasil vieram muito bem no trimestre, beneficiadas pelo câmbio melhor. Mesmo em um cenário muito adverso, a companhia conseguiu manter geração bruta de caixa positiva (EBITDA). O resultado final só foi positivo (R$ 1,3 milhão de lucro líquido no trimestre) porque a companhia contabilizou quase R$ 40 milhões em ganhos tributários não recorrentes. De qualquer forma, resultado deixa bem claro os efeitos adversos provocados pela pandemia. - analisou Wagner Salaverry, da Quantitas Asset.
Ainda conforme o comunicado, as duas plantas localizadas em Caxias do Sul seguem trabalhando com metade da mão-de-obra. Para compensar o menor volume de rodoviários destinados ao mercado interno, a unidade de Ana Rech segue produzindo urbanos para exportação.
Interessante também observar o desempenho das controladas da Marcopolo. O destaque positivo foi da australiana Volgren, que teve sua produção interrompida por apenas 10 dias, trazendo lucro. Marcopolo México e Marcopolo África do Sul foram afetadas pela suspensão de atividades durante todo o mês de abril e redução da produção a partir do retorno ao trabalho em níveis semelhantes ao Brasil, 50%. A Marcopolo China, apesar da possibilidade de retorno da produção à normalidade, enfrenta queda de demanda em seus mercados, considerando que os produtos são direcionados exclusivamente à exportação para países que ainda sofrem com a pandemia. A argentina Metalsur permaneceu com sua fábrica fechada durante todo o trimestre, com perspectiva de recuperação de resultados a partir do terceiro trimestre. Nas coligadas, a operação colombiana da Superpolo conseguiu uma rápida retomada a partir da volta da produção no início de maio. A indiana TMML permaneceu com atividades suspensas em função da pandemia durante quase todo o trimestre como reflexo de restrições sanitárias, paralisação de fornecedores e queda de demanda. A canadense NFI Group Inc. também trouxe resultados negativos.
Como resposta ao cenário, a Marcopolo segue adequando custos e preservando caixa. Na ponta das despesas, mantém metade dos funcionários do Brasil em regime de suspensão do contrato de trabalho ou redução de jornada.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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